A adoção de supervisão de coaching ilustra o amadurecimento do coaching no Brasil e nos demais países do mundo. Diversos estudiosos sobre coaching, como Wildflower e Brennan (2010), apontam que coaching é uma atividade relativamente recente, que ganhou força a partir da década de 1980 e que conta com pluralidade de abordagens, influenciadas por muitas perspectivas teóricas e práticas. Tal pluralidade em coaching é um ingrediente relevante que faz com que entender o universo de supervisão de coaching não seja tarefa simples. Uma das maneiras de lidar com a complexidade é utilizar metáforas, esta figura de linguagem que usa características de uma coisa para explicar outra. Erik De Haan, em seu livro “Supervision in action” (2012) lança mão de diferentes metáforas que ajudam a mapear o território de supervisão de coaching: o que se pode esperar de um processo de supervisão; desafios e oportunidades encontradas por coaches e supervisores; papeis do supervisor e do supervisionado. Estas metáforas são úteis porque apresentam diferentes olhares sobre um processo dinâmico e fascinante que pode levar a prática de coaches a patamares mais elevados.
Nos processos de supervisão, em geral o coach apresenta um caso de coaching: uma situação que intrigou o coach em sua atividade, alguma dúvida, sensação incômoda, enfim alguma coisa sobre a qual o coach queira refletir. Uma supervisionada com quem trabalhei, por exemplo, quis refletir sobre a sensação que teve durante a reunião de alinhamento entre seu cliente de coaching, o gestor, o diretor de Recursos Humanos e ela. Quando a reunião terminou, a coach sentiu desconforto, pois havia se preocupado mais com o gestor do cliente e com o diretor de RH do que com seu cliente. Na supervisão refletimos sobre este caso: as forças do sistema organizacional, a deferência que a coach demonstra ter a autoridade, a postura da própria cliente.
A coach disse que gostaria de ter conduzido a reunião de alinhamento de outra maneira e de alguma forma ter colocado a cliente no centro da conversa e não à margem, como lhe pareceu. De Haan (2012) usa duas metáforas para ilustrar o desejo de ter feito algo diferente durante a sessão de coaching. A primeira metáfora é o l’esprit de l’escalier, descrita pelo iluminista Diderot. Trata-se do sentimento expresso por diplomatas franceses que deixavam reuniões tensas nas quais haviam ficado sem respostas para encontrarem as palavras perfeitas ao pé da escada de saída, quando já era tarde demais. Da mesma maneira, a coach encontrou na sessão de supervisão uma outra maneira de facilitar a reunião, melhor para a cliente, porem depois que a reunião já havia terminado. Além disso, a coach estava arrependida da maneira como havia relegado a própria cliente. O sentimento de arrependimento remete a outra metáfora usada por De Haan, a figura da mitologia grega Tântalo. Este foi condenado a não saciar sua fome, de tal maneira que quando se aproximava das frutas das árvores elas se moviam com a força do vento. Da mesma forma, no caso trabalhado com a coach, a ação que nutriria sua cliente, colocando-a no centro da reunião, já não estava mais ao seu alcance.