E eis que começamos a adentrar neste terreno da abundância, que visualizamos fértil, em todos os sentidos. E vamos compartilhar aqui o que encontramos…
O primeiro achado que encontramos foi que, depois de conversarmos sobre a escassez e perguntarmos “e a abundância?”, as respostas imediatas eram: “é o oposto”. E assim fomos criando uma imagem deste oposto, que reiterava o aspecto de “binômio” do início da nossa exploração.
Mais uma vez, do ponto de vista ontológico e dos cinco atos linguísticos (de Searle), a abundância também é um julgamento, que pode ser fundado ou não, dependendo do paradigma a partir do qual estamos julgando, e que, além disso, é definido e define o observador que sou da realidade. E, como já comentamos no texto anterior, um julgamento (aqui, no caso, a abundância) não descreve a realidade em si, mas é uma interpretação sobre ela, a partir do observador que sou. Como o exemplo que trouxe no texto anterior: um copo com 50% de água. Quem tem sede pode julgar que é escasso, pois não vai matar a sede, mas para quem não tem sede, pode ser abundante, suficiente. Um mesmo fato, produzindo diferentes julgamentos, feitos por dois observadores diferentes da realidade.
Do ponto de vista generativo, a abundância também é um julgamento, uma avaliação, uma interpretação. Mais ainda, é uma narrativa, uma história, que molda o observador que somos e na qual vivemos imersos, julgando que ‘assim é a vida’.
Assim como apresentamos no texto anterior, também observamos e extraímos distinções (na linguagem), do que fomos pesquisando, escutando, refletindo sobre a abundância, numa matriz do SELPH (somático, emocional, linguagem, práticas, história). Quando habitamos a abundância como seres humanos, qual SELPH aparece? Podemos perceber então:
Somático
Expansão, interconexão, interdependência e inter-independência, ritmo natural, centro, paz, relaxamento criativo e interessado, atenção para a vida, escuta ativa e aberta, corpo com tônus e energia, que se movimenta e flui.