“Um Coach eficaz não é apenas um praticante habilidoso, mas sim um praticante ético, alguém que coloca conscientemente seus valores e sua ética à frente de sua prática profissional”.
Jordanou e Hawley (2021, p.1)
Ética pode ser considerada como “uma prática reflexiva que facilita o alinhamento de comportamentos humanos com um senso de retidão e adequação, uma abertura que estimula a reflexividade continuada” ( Fatien e Clutterbuck, 2023).
Como afirmam McManus e Waters (2024, p.4), embora alguns mostrem-se entusiasmados e comprometidos, a abordagem de temas sobre ética “tem evocado, por vezes, respostas que variam de extremos entre complacência e antipatia”.
Segundo estes autores, a falta de interesse sobre o tema Ética é multifacetado, podendo ser atribuído a três fatores:
1 - Desconsiderar a possibilidade desta intervenção ser prejudicial ao cliente
2 - Coaches subestimam seu nível de vulnerabilidade ética
3 - Potencial decepção do coach com a sua prática individual, levando-o a desconsiderar os dilemas éticos do seu trabalho.
Na atualidade as orientações e considerações sobre ética voltadas para coaches em geral não se apresentam de forma integrada e coerente como um todo. Existem hoje múltiplos códigos de ética profissional adotados pelas diferentes entidades, como é o caso do Global Code of Ethics (2021), o Código de Ética da International Coaching Federation (2020), da WABC, além de inúmeros outros Códigos de Ética de diferentes associações de Coaching.
A viabilidade de aplicação de códigos de ética pressupõe a existência de valores compartilhados e um propósito comum de determinada área de atividade. Entretanto, tal propósito comum, no caso do coaching, ainda não alcançou um consenso.
Considerando que coaching não é uma atividade regulamentada, que não há obrigatoriedade de formação especializada para atuar como coach, nem de pertencer a alguma entidade que congrega coaches certificados, torna-se inviável assegurar o
cumprimento de um código de ética profissional que estabeleça os princípios básicos que pautam a prática do coaching e, simultaneamente, estimulem e orientem o desenvolvimento/amadurecimento contínuo dos coaches.
Para de Jong (2006) “uma ética consistente é a essência e a base do bom coaching”. Segundo o autor, do ponto de vista prático do coaching, os princípios éticos é que determinam a capacidade de colaborar com os clientes, ao focar suas necessidades e interesses, respeitando a confiança e a confidencialidade e promovendo a autonomia individual do coachee.
Passmore (2011) observa que “na maioria dos casos, os coaches são ‘pluralistas éticos’ que aderem a alguns princípios éticos, considerando as circunstancias, os motivos e as situações dos envolvidos.
Como já ressaltavam Brennan e Wildflower (2010, p.369) “a questão de normas éticas é crítica em qualquer profissão”. Embora algumas entidades possuam códigos, o fato de Coaching não ser uma atividade profissional reconhecida desestimula discussão sobre esta questão, já que muitos dos que atuam como coaches não são afiliados a associações de profissionais, nem tem formação em entidades reconhecidas.
Os códigos de Ética profissional, em geral, abordam os seguintes aspectos:
1 - Não prejudicar o cliente
2 - Obrigação de atuar à favor do bem estar do outro
3 - Conhecer e respeitar os próprios limites de competência
4 - Respeitar os interesses do cliente
5 - Respeitar as leis vigentes.
No caso do coaching em geral, e do coaching executivo em particular, os padrões são, em boa parte, autoimpostos. Constituem interações entre coach e coachee num contexto de trabalho no qual estão envolvidos a autonomia e a dignidade do cliente, o contexto no qual se dá o processo de coaching e os stakeholders. Tais aspectos demandam clara consciência da dimensão ética do coach e de sua atuação.