“Se nós coaches nos propomos a oferecer coaching, bem como metodologias que sejam eficazes para nossos clientes, será necessário nos mantermos a par da literatura de coaching e das pesquisas que informam sua prática eficaz.”
A.Grant e S. O’Connor(2019)
“Penso que não basta saber na prática que coaching funciona ou acreditar em alguma explicação de senso comum a respeito de sua eficácia”
A. Scoular (2011, p.178)
A relação entre pesquisa e prática nem sempre tem sido adequadamente reconhecida nas intervenções da área da aprendizagem e do desenvolvimento humano.
No caso específico do Coaching em geral, e do Coaching Executivo e Empresarial em particular, esta situação se repete.
Passmore e Travis (2011), observam que a partir dos anos noventa começaram a aparecer, com mais frequência, artigos de natureza qualitativa sobre coaching. Estes tendiam a abordar o coaching como “uma habilidade” e a metodologia utilizada era, em geral, a de “estudos de caso”. Nesta fase raros eram os estudos quantitativos/comparativos focando, de forma sistemática, as intervenções de coaching e seus resultados.
Muitas das investigações apresentavam limitações, inconsistências, falhas na coleta e análise dos dados coletadas e pouca representatividade, por não se tratar de amostras estatisticamente representativas. Alguns estudos de caso, entretanto, continham uma certa riqueza qualitativa, revelando novas facetas do coaching e novos fatores intervenientes a serem exploradas.
Dentre os temas abordados figuravam as diferenças entre coaching e outras intervenções tais como aconselhamento, treinamento, ensino, terapia, as definições de coaching, atributos críticos do coaching efetivo, aspectos éticos da intervenção, fases do coaching. Surgiram também algumas poucas investigações sistemáticas sobre relações coach/coachee e seu efeito nos resultados do processo (De Haan, 2008), bem como o impacto do coaching sobre os indivíduos e a organização.
Como escreveram Passmore e Travis (2011), expressando suas expectativas, “Espera-se que em 2021 os pesquisadores tenham realizado entre 50 e 100 estudos representativos (com mais de 60 participantes), utilizando grupos de controle, representatividade, como também a colaboração conjunta de acadêmicos e profissionais”.
Pouco tempo antes do seu prematuro falecimento, Anthony Grant (*) (2019) publicou, juntamente com Sean O’Connor, um artigo que aborda a relevância da pesquisa para o contínuo crescimento e desenvolvimento do Coaching.
Em breve menção aos idos dos anos noventa, os autores lembram o tempo dos chamados cursos de coaching “sem base teórica, com padrões de prática profissional e ética limitados”. Esta situação, entretanto, ainda não se encontra totalmente ultrapassada, apesar do crescimento exponencial de pesquisas de qualidade disponíveis, o que tem contribuído para o aperfeiçoamento da prática do coaching. Tal situação tem sido observada com maior frequência no caso do coaching executivo e empresarial, uma vez que as organizações tendem, cada vez mais, a buscar evidências claras a respeito dos resultados obtidos através destas intervenções.
Grant e O’Connor (2019, p.3) ao focalizar o papel do coach, enfatizam ainda que “nós, coaches, precisamos nos engajar naquele tipo de autorreflexão informada e intencional que encorajamos nossos coachees a praticar”. Ressaltam, também, que ao integrar os conhecimentos gerados pelas pesquisas existentes à nossa experiência pessoal e expertise profissional, “tornamo-nos mais maduros e equilibrados”. Em outras palavras, mais capacitados a manter nossa atualização através de informações resultantes das pesquisas sobre coaching cuja abordagem é baseada em evidência.