Mais uma vez fui surpreendido pelo querido Lannes com um irrecusável convite: abordar o tema do voluntariado e, portanto, da responsabilidade social do coach. Não dá para dissociar um tema do outro e, mais ainda, não dá para refletir sobre esse assunto sem tocar na ética que rege todas as relações humanas. Acredito, com todas as minhas forças, que a ética – como um princípio humanista que reconhece todo o ser humano como um semelhante que merece respeito e cuidado -, deve ser o fundamento de todas as nossas ações.
É o motivo pelo qual afirmo que a solidariedade deve ser um estilo de vida e manifestação da nossa responsabilidade como cidadãos, indivíduos que se tornam humanos nas relações sociais. Não nascemos humanos, nós nos tornamos humanos, como diz o Ubuntu: “eu sou porque nós somos”. A solidariedade nos humaniza. Essa responsabilidade que nos leva a ações voluntárias e a prática solidária é constitutiva do ser humano, é ontológica! Amplas pesquisas revelam que foi o comportamento solidário e cooperativo do homo sapiens que possibilitou o surgimento da civilização.
Nesse sentido, penso que esse dossiê também tem um caráter de chamamento, de um despertar para uma ação – individual e/ou coletiva -, para que assumamos todos a responsabilidade de sermos agentes de transformação social. Unirmos esforços pela humanização é urgente. Como diz Edgar Morin, sejamos irmãos porque estamos perdidos. Porque
Quanto mais tomamos consciência de que estamos perdidos no universo e mergulhados numa aventura desconhecida, mais temos necessidade de nos religarmos com os nossos irmãos e irmãs da humanidade. [...] A responsabilidade contudo necessita ser irrigada pelo sentimento de solidariedade, ou seja, de pertencimento a uma comunidade. Devemos assumir simultaneamente a responsabilidade por nossa vida (não deixar que forças ou mecanismos anônimos dirijam nosso destino) e em relação aos outros. (O método. Ética)