“Mais do que buscar listas mágicas de pergunta, os coaches precisariam compreender a ciência do questionamento para orientar suas decisões sobre que tipo de perguntas fazer e quando fazê-las”
Hauser, 2017
Perguntar é uma intervenção amplamente utilizada e discutida em atividades profissionais relacionadas com comportamento humano.
Embora o perguntar seja considerado como uma competência chave nos processos de Coaching e que “na essência do coaching de qualidade encontra-se a arte de ouvir e questionar” (Bacon e Voss, 2012), especialistas enfatizam a necessidade de investigar as diferentes facetas das interações que ocorrem entre coach e coachee durante o processo, tais como questionamento, resposta, escuta, reflexão, segurança psicológica e seu impacto nos resultados.,
Perguntas, quando adequada e estrategicamente formuladas, são uma das formas de coletar informações, construir e manter relacionamentos produtivos, aprender, pensar de forma crítica e criativa, estimular ações e decisões, solucionar problemas, aspectos estes abordados no decorrer de um processo de coaching.
No entanto, nem todos os que atuam como coaches tem clareza a respeito da importância não só das perguntas, como também das respostas e demais fatores envolvidos. Todos estes têm um papel no relacionamento produtivo e na criação de um clima de harmonia e colaboração necessários para a construção da parceria/ aliança de trabalho entre coach e coachee.
Alguns pontos a considerar na formulação das perguntas:
- Qual o objetivo da pergunta?
- Ela é adequada ao contexto?
- É este o momento apropriado para fazê-la?
- Foi claramente formulada?
- Contém algo subentendido que poderá influenciar a natureza da resposta?
- Trata-se de uma pergunta ou de uma afirmação?
- Convida o coachee a pensar, refletir, trocar informações, posicionar-se?
Como afirma Goldberg (1998, p. 344)) “Uma pergunta não feita é uma porta não aberta” Abrir esta porta significa entrar em contato com o mindset do coachee, familiarizar-se com sua postura, maneira de ver a si mesmo e o mundo à sua volta e assim facilitar a comunicação e flexibilizar a interação.
Perguntas eficazes, coerentes e apropriadas geram respostas que, como lembra Whitmore (2004, p. 47), “indicam com frequência ao coach a linha a ser seguida nas perguntas subsequentes e, ao mesmo tempo, possibilitam a este monitorar se o coachee está seguindo uma direção produtiva”, alinhada com os objetivos a serem alcançados.
Em geral, escreve Scoular, (2011, p.78) as perguntas mais potentes tendem a ser “muito simples, curtas e abertas. Começam com O que, Onde, Quando e Como, geram informações e levam a conversa adiante”
* As perguntas constituem um dos instrumentos estratégicos que permitirá ao coach gerir a direção da conversação de modo a beneficiar a eficácia do processo de coaching. Diferentes perguntas estimulam diferentes respostas e podem ser utilizadas para abordar questões relevantes contidas nas respostas do coachee. Por exemplo, o diálogo coach/coachee muitas vezes desvia-se do foco e uma pergunta adequada poderá recuperá-lo retomando o que Gallwey (1974) denominou de “atenção focada”.
* As perguntas, quando neutras, permitem que a conversação flua de acordo com os objetivos estabelecidos pelo coachee para o processo de coaching. Entretanto, sem se dar conta, o coach poderá direcioná-la para questões de seu próprio interesse ou que considera que seria o “certo”.
* As perguntas têm o objetivo de expandir o nível de consciência do coachee, ou seja, “descobrir coisas novas, desde um insight até pensamentos que alteram a vida” (Scoular, 2011, p. 81). Perguntar ao coachee como define certas palavras por ele utilizadas, é convidá-lo a entrar em contato com seus conceitos, valores, autoimagem, competências, significados e objetivos, ou seja, olhar para dentro de si e aprender com o que vê.