As demandas para processos de Coaching no mundo corporativo têm crescido exponencialmente nas últimas duas décadas, abrindo um espaço crescente para esta atividade a nível mundial.
Tal expansão, embora tenha trazido benefícios para inúmeras organizações e seus respectivos dirigentes, nem sempre foi complementada por atividades de pesquisa e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
Nos últimos anos, entretanto, alguns estudiosos têm buscado respostas para aspectos relevantes dos processos de coaching, particularmente do Coaching Executivo e Empresarial (EE).
Um destes aspectos refere-se às características específicas do trabalho do Coach EE e seus eventuais efeitos negativos para o Coach e para os resultados a serem alcançados.
Kilburg (2002, p. 288).), já no início do novo milênio, abordou esta questão, denominando-a de “Tópico Tabú em Coaching Executivo”. Lembra ele que “sucesso e fracasso em coaching constituem um continuum no qual o sucesso completo localiza-se numa das extremidades e o fracasso completo na outra” e elenca, com base em sua prática, fatores que poderiam contribuir para os resultados negativos do coaching para o coach.
O autor menciona também a inexistência, na época, de “estudos empíricos sobre métodos e resultados de coaching” e lembra que “os que estão interessados em coaching precisariam reconhecer o estado atual da arte da área, bem como suas possíveis limitações.” (Kilburg, 2002, p. 295).
Coaching EE é uma atividade não regulamentada que envolve uma relação de confidencialidade/sigilo com o seu cliente direto, o Coachee, bem como com a organização da qual este faz parte.
Atua num mercado competitivo e sem fronteiras, sujeito, desde seus primórdios, aos efeitos negativos de falta de regulamentação. Apesar disso, surgiram algumas vozes lúcidas, como as de Berglas (2002) , de Sherman e Freas (2005) alertando para eventuais abusos, riscos e efeitos negativos do Coaching EE. Como lembrava Grant (2007, p. 259), “Houve pouca discussão na literatura de coaching sobre a possibilidade das intervenções do coaching serem prejudiciais”
Nos últimos anos, entretanto, estas questões tem sido retomadas por alguns especialistas preocupados em abordar, além de questões tais como a relação Coach/Coachee, a validade e a eficácia dos processos de Coaching, os diferentes modelos de formação de Coaches EE, também outras que poderiam impactar negativamente o coach, sua atuação e o próprio processo de Coaching EE..
Schermuly (2014), um dos estudiosos do tema, define efeitos negativos do coaching para o coach como “todos os resultados prejudiciais e indesejados para os coaches causados diretamente pelo coaching que ocorrem paralelamente ou após o coaching.”
Este pesquisador e seus colegas publicaram entre 2014 e 2019 vários trabalhos
(Schermuly e Grassman, 2018) voltados para a investigação sistemática destes efeitos indesejados, prejudiciais e diretamente relacionados com o processo de coaching. Segundo a definição acima, Indesejado significa que o coach não induziu o efeito voluntariamente, Prejudicial significa que o prejuízo será do coach e Diretamente é que deverá ter relação direta entre a atuação do coach e a ocorrência do efeito.
Schermuly e Bohnhardt (2014) ao entrevistarem 20 coaches alemães experientes identificaram vários efeitos negativos do coaching para os coaches.