O contexto Durante um ano tive oportunidade de atuar como facilitador de processos para uma iniciativa pioneira em Mato Grosso o Programa REM MT Para que todos os povos ind genas do estado pudessem ser informados sobre o Programa e definissem concretamente suas prioridades e os modos mais adequados de aplica o e gest o dos recursos o governo estadual realizou uma consulta livre pr via e informada - como preconiza a Conven o da OIT Organiza o Internacional do Trabalho - em parceria com a sociedade civil e protagonizada pela FEPOIMT Federa o dos Povos e Organiza es Ind genas de Mato Grosso Foi a primeira vez que uma pol tica desse tipo foi constru da diretamente pelos povos ind genas em Mato Grosso E constatando como n o s poss vel mas necess rio e valioso para o processo de implementa o de projetos quando a elabora o coletiva das propostas envolve o outro-diferente-de-mim e legitima a diversidade real que a vida-l -fora-da-bolha nos oferece esse fato por si s j seria motivo suficiente para celebrarmos No entanto h muitos outros motivos para co-memorarmos esse processo isto para lembrarmos juntos o que foi feito aproveitando o aprendizado ao lidarmos com o outro-diferente com grupos-plurais com pol tica Para isso proponho considerarmos o horizonte mais amplo de forma o da cultura organizacional pelas lideran as ind genas a partir de atitudes que observei serem ensinadas silenciosamente pelo exemplo e pela pr tica Recepcionar Regenerar Redundar Restaurar e Recordar Sintetizei assim esse aprendizado porque segundo diversos autores SCHEIN BARRETT LALOUX WAHL as atitudes s o um sinal de que valores que se convertem em pr ticas partilhadas podem emergir e ser reconhecidas como a cultura desse coletivo Reconhecer essa estrutura-geral pode portanto ser til tanto na atua o do a facilitador a de grupos como no estudo das diferentes culturas organizacionais isto na identifica o do que Schein definiu como o conjunto de pressupostos b sicos que um grupo inventou descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adapta o externa e integra o interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados v lidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber pensar e sentir em rela o a esses problemas Recepcionar a lideran a anfitri Durante esse processo as lideran as ind genas sabiamente tomaram para si a tripla tarefa pr pria de diplomatas de anfitriar umas s outras de manter sua autoridade para que seu povo fosse adequadamente hospedado isto para que as propostas desse povo fossem acolhidas e de abrigar seu povo dentro de si mesmas como leg timas representantes Concordando ent o como a descri o de Clastres percebi que nesses grupos ind genas os que sa o chamados li deres sa o desprovidos de todo poder a chefia institui-se no exterior do exerci cio do poder poli tico Notei ainda que as lideran as ind genas falavam em nome de sua comunidade somente quando circunsta ncias e acontecimentos a colocam em relac a o de amizade ou de inimizade com os outros mas sem nunca tomar deciso es em seu nome para depois impo -las a comunidade Era essa atitude que lhes garantia prest gio muito comumente confundido e sem raza o com poder A express o fez que todos se sentissem em casa tantas vezes dirigidas s lideran as pol ticas e tradicionais pelos pr prios participantes muitos vindo de fora da aldeia denota claramente o que est vamos observando As lideran as que vi atuarem nesse processo eram antes de tudo anfitri s e n o chefes autorit rios pois s eram escutadas no momento e na medida em que se mostravam hospitaleiras o suficiente para acolher e gestar as ideias vindas das demais ganhando seu prest gio necess rio sempre que mas somente quando davam luz aos acordos articulados por muitos para finalmente serem lembradas por terem conduzido o processo se e somente se mantivessem o compromisso com seu povo de levarem adiante as propostas aprovadas para o Subprograma Territ rios Ind genas Regenerar pr ticas de conex o integra o...