"O fato de dizer sempre sim em vez de dizer não, acarreta sobrecarga e, muitas vezes, gera somatizações."
Adilsa Sakashita
Quantas vezes você foi a um lugar que não queria ir, assumiu um compromisso sem poder, sobrecarregou-se com inúmeras atividades, apenas porque não soube ou não teve coragem de dizer “não”?
Muitas vezes, tenho certeza.
É difícil dizer “não”, e por vários motivos: medo, culpa, insegurança, auto-estima baixa, só para citar alguns. Até por excesso de confiança, quando nos julgamos muito mais poderosos e capazes do que realmente somos, ou ainda por perfeccionismo, quando pensamos ser os únicos competentes para resolver as situações.
Seja qual for o motivo, a incapacidade de nos colocarmos de maneira assertiva, nos deixa sobrecarregados, estressados e ainda nos faz agir contrariando nossa vontade, princípios, valores. Quando isso acontece sofremos...
Aprender a dizer “não” é muito importante e saudável, não apenas para quem diz, mas também para quem ouve; o primeiro exercita a assertividade e o segundo a resiliência.
Pessoas que sempre dizem sim estão mais sujeitas ao desequilíbrio emocional, a tensões, além de viverem numa constante luta contra o relógio, pois estão sempre assoberbadas e infelizes. Sentem-se desrespeitadas e abusadas; só que não conseguem enxergar que a causa de tudo está nelas. Esta atitude diminui a auto-estima porque a pessoa acaba acreditando que não é levada a sério, suas necessidades e prioridades não são levadas em conta, nem por ela mesma! Afinal, quando dizemos sim sempre, não damos importância aos nossos próprios planos e projetos, então não podemos esperar que os outros dêem.
Uma conhecida se queixava sempre que seu marido, filhos, família, chefes e colegas viviam abusando dela, todos se aproveitavam da sua incapacidade de dizer “não”. E ela sofria muito com isso. Por um lado sentia-se desvalorizada e, por outro, incapaz de fazer valer suas prioridades e vontades. Porém, o que ela não conseguia perceber é que dizia sim porque sentia culpa por não atender aos pedidos e tinha medo de que não gostassem mais dela, afinal ela tinha a imagem de boazinha, solícita... E o mais grave, ela assumia um papel de vítima, reclamando de sua sobrecarga, de como ela tinha que resolver tudo para todos, reforçando a imagem de boazinha, mas também de vítima, o que despertava atenção e cuidados, nas pessoas próximas. Essa imagem acabou se confundindo com sua identidade e ela desenvolveu mais um temor: "- E agora, se começar a dizer “não”, serei o quê? As pessoas continuarão gostando de mim?" Após passar por um processo de Coaching, ela se descobriu capaz de dizer “não” de maneira justa e hoje se sente valorizada e admirada. Mas foi necessário passar por vários pontos cruciais: reconhecer a dificuldade, entender suas causas, decidir mudar e efetivamente empreender os esforços necessários para a mudança.