“Para me punir por meu desprezo pela autoridade, o destino fez de mim mesmo uma autoridade.”
(Albert Einstein)
Trabalhei por 19 anos em uma das maiores indústrias químicas do mundo, e vivi na pele a transição de colega para supervisor, depois para chefe e gerente. Senti os modelos mentais culturais com os quais somos educados a respeito de ser chefe. Algumas frases me causavam estranheza, como “não elogia que estraga”, ou “não elogia que vai pedir aumento”, e tantas outras. Senti também como os antigos colegas, agora subordinados, se tornavam mais distantes quando ascendi a uma posição de chefia.
Vivi também o efervescer do movimento sindical no Brasil, quando a cada greve, aqueles que tinham posição de chefia, chamados cargos de confiança, eram cobrados a estar presentes dentro das organizações, mesmo vazias. Estar do lado de fora, junto com seus subordinados, seria visto como uma quebra da confiança e possível perda do cargo. Assim, nestas greves, as atenções se voltavam aos chefes que não apoiavam os trabalhadores, como se eles, chefes e gerentes, também não o fossem. Com as conquistas advindas das greves, com o sacrifício de muitos operários, novos conflitos, pois o que havia sido concedido nas negociações também beneficiaria a chefes e gerentes, aumentando, desta forma, a revolta dos subordinados em relação aos seus líderes. Neste contexto, os empresários eram vistos como os grandes exploradores do povo e os partidos políticos, dentro de uma democracia incipiente, aproveitavam para colocar mais pimenta neste angu, obviamente para justificar uma doutrina de esquerda, ainda muito inspirada por regimes de extrema esquerda.
Neste momento histórico havia a consciência da separação de classes, de como alguns viviam muito bem enquanto outros não. Dentro da cultura e ideologias vigentes, a razão de muitos não terem nada residia no fato de poucos terem muito. Nos dias de hoje vemos que isto não é necessariamente verdade e que outras culturas tratam esta questão de maneira bem diferente.
Esta lembrança, tão recente em termos históricos, ainda impacta o sentimento e comportamento das pessoas nas organizações, especialmente a figura daqueles que ocupam posição de mando.