Cada dia mais as organizações têm dado importância à Diversidade e Inclusão (D&I). Mesmo que essa evolução não seja linear, e em meio de avanços haja também tristes histórias e retrocessos, esse é um caminho sem volta. Quer seja por perceber o valor humano inerente a estas questões, pela preocupação com a imagem da organização ou pela potencial melhoria de resultados associados à diversidade, esta é uma pauta que dificilmente pode ser ignorada sem impactos para o negócio e para a gestão de pessoas.
É na esteira das iniciativas corporativas que muitas pessoas vêm tendo seus primeiros contatos com estes debates através de ações de capacitação e letramento promovidas pelas empresas. As áreas de comunicação se mobilizam para lembrar e compartilhar informações sobre datas importantes para a pauta de D&I, como o mês do orgulho LGBTI+. O dia da mulher já não é mais uma ocasião para simplesmente entregar flores às mulheres, tornando-se um momento de lembrar da importância da igualdade de direitos e oportunidades entre os gêneros, compartilhando histórias de figuras femininas poderosas para inspirar e relembrar que o lugar da mulher é onde ela quiser.
Assim, as pessoas que trabalham nessas organizações passam gradualmente a notar a importância e urgência dessas questões. É possível também que elas se tornem mais atentas às formas como trabalham e se relacionam umas com as outras. Aumenta a consciência sobre as desigualdades, o preconceito, o sexismo e várias outras questões. Termos e piadas que anteriormente faziam parte da linguagem cotidiana agora são criticamente entendidos em suas faces nocivas, que reforçam estereótipos e discriminações e ferem outras pessoas. Podem surgir autoquestionamentos como: “Será que estou reproduzindo algum preconceito sem perceber?”
A consciência da importância do tema e o desejo de contribuir com o avanço das pautas de D&I são bem-vindas e sinalizam que estamos evoluindo. No entanto, isso também pode trazer efeitos colaterais como uma maior insegurança sobre como se portar ou se comunicar em algumas situações. Podemos ficar preocupados e inibidos ao nos relacionar com pessoas de grupos diversos ou de nos manifestarmos publicamente de maneira inadequada. Por exemplo, você saberia dizer se a melhor expressão é “pessoa com necessidades especiais”, “pessoa com deficiência” ou “pessoa deficiente”? O mais adequado seria falar “pessoas pretas” ou “pessoas negras”? Fica aqui a provocação para que você pesquise.