Finalizei o texto anterior convidando você, caro leitor, a algumas reflexões:
- Se a escassez e a extravagância são opostos, qual seria o lugar, ou o novo lugar, da abundância neste trinômio?
- Que novo tabuleiro começa a se desenhar aqui?
- Qual é esta “nova” interpretação sobre a abundância que vai surgindo?
Estas também são as reflexões nas quais estamos, e ainda não temos respostas. Temos ‘sentires’ e algumas articulações na linguagem, para dar conta deste novo desenho e significado que vai surgindo. E que compartilho aqui com você.
Movimento e Direção
Nos demos conta de que há um movimento, uma direção, uma força. Sentimos que quando estamos habitando um dos polos, seja ele a escassez ou a extravagância, percebemos um movimento, uma força que tende a permanecer ou a nos direcionar aos extremos, ou seja, a nos mantermos na escassez ou na extravagância mesmo. É como se fosse um magnetismo, uma tendência a nos direcionar aos extremos, a estarmos somaticamente fora do centro.
Quando habitamos a abundância, este movimento, esta direção, se inverte, tendendo ao centro. Novamente, não é um lugar, mas sim, um movimento, uma direção para o centro. Um magnetismo, uma tendência. No discurso generativo, o centro é o lugar onde habita o “Care”, aquilo que nos importa. Também é no centro (somático) este lugar a partir do qual podemos escolher.
Se estamos fora do centro, estamos agindo a partir das nossas tendências condicionadas: estamos no nosso automático, no que aprendemos e praticamos ao longo de toda a nossa vida. Não é um lugar de escolha. É somente a partir do centro que podemos escolher. Pense quando algo acontece: um e-mail complicado chega para você, uma fala de alguém que entra meio “torta”, um evento qualquer que te contrai. Automaticamente as suas tendências condicionadas são gatilhadas, você está fora do centro e age de acordo com estas tendências: respondendo o e-mail ou retrucando de forma automática. No entanto, se você parar e respirar, pode se conectar ao que importa nessa determinada situação. Talvez o seu compromisso profissional com a pessoa que lhe mandou o e-mail, ou mesmo a amizade com a pessoa que lhe disse algo. E então, respirando e voltando para o centro, você é capaz de sair do automático e escolher a melhor resposta para a situação. Para que? Para cuidar do que lhe importa. Isso é abundância.