Introdução
Estamos em 2024! Quase nove anos se passaram desde a realização de uma das mais marcantes assembleias da ONU. Representantes de 193 países assinaram um pacto global para tratar problemas críticos do mundo, estabelecendo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com metas específicas para garantir um desenvolvimento sustentável.
Apesar das expectativas iniciais, o progresso tem sido bem decepcionante. Segundo um relatório da ONU em 2024, apenas 16% das metas globais estão em progresso, enquanto mais de 80% estão estagnadas ou em retrocesso. Questões como fome, desigualdade e desemprego são de alta complexidade e interligadas com inúmeros fatores e interesses, o que torna a intervenção assertiva um desafio cada vez maior, conforme as situações se agravam.
Para encontrar caminhos de lidar com esses desafios complexos de maneira mais eficaz, é preciso, em primeira instância, uma correta compreensão da complexidade envolvida por parte dos indivíduos tomadores de grandes decisões estruturais ou sobre os recursos. E é aqui que reside a teoria de mudança dos IDGs ou objetivos de desenvolvimento interno, com a premissa de que "o sucesso da intervenção depende da condição interior do interventor", como disse Bill O'Brien.
Dentre as competências propostas no framework dos IDGs (Ser, Pensar, Relacionar, Colaborar e Agir), destaco algumas competências mapeadas na dimensão do PENSAR, que podem nos apoiar a compreender e a lidar com esses desafios complexos. São elas:
1 - Pensamento Crítico: Analisar e avaliar informações objetivamente.
2 - Consciência da Complexidade: Reconhecer a interconexão dos problemas.
3 - Habilidades de Perspectiva: Ver os problemas de diferentes ângulos.
4 - Sense Making: Dar sentido a informações complexas.
5 - Orientação de Longo Prazo: Planejar ações duradouras.
Neste artigo, apresentarei um case prático de aplicação de uma ferramenta do pensamento sistêmico que trabalha com todas essas
competências simultaneamente a partir de um desafio complexo. O exemplo a seguir foi aplicado em um grupo durante uma imersão em IDGs realizada em Florianópolis no ano de 2024, o ID-X - Experiências de Desenvolvimento Interior.
Esta ferramenta foi adaptada de alguns conceitos da Teoria U, de Otto Scharmer, e do Modelo do Iceberg, apresentado por Donella Medows, autora consagrada da vertente de Systems Dynamics.