Numa quadra de basquete, antes de começar um jogo da taça dos clubes da cidade, uma criança -irmã de um dos jogadores- pega uma bola e a arremessa sem quicar, brincando tranquilamente enquanto os times oficiais se preparam para o começo.
Aquela criança não precisa se adaptar às regras do jogo. Não precisa pensar no tempo, nem naquilo que é ou não permitido. Não precisa pertencer a um time, nem se identificar. A quadra tem linhas, mas para ela são desenhos e não limites. Ela inventa seu jogo. Ela é livre. E nessa liberdade, ela não representa ninguém; seus acertos não somam pontos para time algum, e as transgressões que ela cometer, não são faltas contadas para nenhum time.
O basquete enquanto esporte continua sendo o mesmo, sem importar quantas crianças e adultos brincarem na quadra antes do jogo, e mantém os seus parâmetros e regras na hora de jogar.
Prática e brincadeira são livres. Já a partida é outra coisa.
Na hora de jogar, todos os jogadores voluntariamente aceitam as regras do jogo. A regra os limita, mas também os cuida. Eles pertencem a um time. Eles são conhecidos e reconhecidos. Eles representam um clube, e jogam basquete como o basquete se joga.
E na partida o ponto conta para o time, e a falta conta também. A linha na quadra vira limite, e tem autoridades reconhecidas -o técnico, os árbitros- que avisam quando passou do limite, ou quando marcou um ponto.
Todos os jogos se enquadram nas mesmas regras, e ninguém estranha.
Olhando o esporte não posso deixar de pensar no coaching, e refletir:
- As regras do basquete estão em constante debate e adaptação. Desde a criação do esporte em 1891, houve mudanças e atualizações publicadas nos canais oficiais da FIBA - Federação Internacional de Basquete. Mesmo tendo diferenças mínimas em ligas específicas como a NBA, o esporte é o mesmo no mundo inteiro (nota 1). No coaching profissional, as regras, valores e princípios estão escritos nos códigos de ética das associações e federações internacionais, que também são permanentemente revisados e atualizados. Mesmo existindo várias associações e federações, no coaching -como no basquete- as diferenças entre um código e o outro são de forma, e não de fundo (nota 2).