Em relacionamentos próximos, como é o caso do coaching, experiências negativas são um fenômeno que não deveríamos negligenciar facilmente.
S.Duck e J.T.Wood (1995)
Estudos e investigações recentes indicam que Coaching tem obtido resultados positivos tais como elevação de desempenho, capacidade de lidar com desafios, aproveitamento otimizado do potencial humano, autoconhecimento, posicionamentos construtivos no trabalho, bem-estar, autonomia pessoal e profissional, relacionamento interpessoal.
Entretanto, dada a complexidade dos inúmeros fatores envolvidos, focar apenas os resultados positivos não é suficiente para compreendermos a multifacetada dinâmica da interação que ocorre entre coach e coachee (*) e seus efeitos no processo de coaching.
Para ampliarmos o entendimento dos efeitos do Coaching para o Coachee, particularmente no caso do Coaching Executivo, faz-se necessário considerar também os seus eventuais aspectos negativos.
Tal preocupação, já presente nos primórdios do novo século, manifestou-se através das clássicas contribuições teóricas de Berglas (2002) citando possíveis limitações de percepção/expertise de certos coaches, de Kilburg (2002) que registrou possíveis consequências negativas do coaching e de Sherman e Freas (2004, p.1) ao comentar que, em virtude da falta de barreiras para ingressar nesta atividade, “muitos coaches executivos, com os mais variados estilos, sabem pouco a respeito de empresas e alguns sabem pouco sobre coaching”.
Também Hodgetts (2002) abordou, a partir de uma perspectiva mais ampla, como certas características de gestão das organizações poderiam prejudicar ambos, cliente e organização, ao utilizar intervenções de coaching sem prévio diagnóstico, estratégia e adequada seleção de um coach.
Na última década observa-se uma retomada do tema, particularmente de pesquisadores alemães tais como Schermuly, Grassmann e colaboradores, que tem focado os efeitos negativos do Coaching, tanto para Coaches, como para Coachees e para as Organizações, ampliando assim o conhecimento sobre este tema.
Ambos tem buscado (Grassmann e Schermuly, 2016, p. 152) “contribuir para uma compreensão mais ampla do conjunto de efeitos do coaching , através da análise dos seus efeitos negativos”.
Efeitos Negativos
Kilburg (2002, p,288)), pioneiro nos estudos sobre efeitos negativos do coaching, ressalta que “sucesso e fracasso em coaching existem ao longo de um continuum cujos extremos são sucesso completo de um lado e fracasso total do outro”. Para ele “o fracasso em coaching ocorre quando, na opinião de todos os envolvidos, o cliente não alcança uma melhoria substancial nas metas que foram contratadas” (p.289).
Dentre os resultados negativos, o autor (p. 290) ressalta os seguintes: perda de emprego, descontinuidade na carreira, perdas financeiras, problemas familiares, problemas de saúde física e mental,
desgaste de motivação pessoal e profissional, perda de confiança, dificuldades interpessoais, perda de resiliência, de vitalidade e de bem-estar.
Dentre aspectos do cliente que contribuem para o insucesso ou resultados do coaching, cita os seguintes: Problemas psicológicos sérios, problemas interpessoais sérios, falta de motivação, expectativas irrealistas em relação ao coach ou o processo de coaching, falta de participação do cliente.
Schermuly e Grassmann (2018, p. 6)) definem efeitos negativos de coaching como “resultados prejudiciais ou indesejados para os coachees causados diretamente pelo coaching durante ou após o coaching.”