“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”.
Carl Jung
- Quem é você? - pergunta a Lagarta.
Alice responde: "- A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã mas, já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu."
- O que você quer dizer com isso?
- Receio que não possa me explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma.”
E a Lagarta insiste: "- Você! Quem é você?"
Irritada com a postura questionadora da Lagarta, Alice replica: "- Eu acho que você deveria me dizer quem você é primeiro."
- Por quê? - surpreende-se a Lagarta.
Fiz este resumo do diálogo apresentado na abertura do capítulo 5 de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, para apoiar a seguinte reflexão: como eu poderia responder a Alice, se ela questionasse quem ou o que me autorizava a provocá-la.
Será que eu, como a Lagarta, ficaria surpresa? Ou estaria pronta para me abrir ao diálogo?
Poderia começar afirmando que conhecia muitas técnicas, mas já posso imaginar a reação de Alice, que retrucaria: "- Técnicas sozinhas não me convencem." Você se sentiria motivada a trabalhar com um preparador físico que conhecesse diferentes técnicas, mas que não investisse em seu próprio condicionamento físico? Você confia em pessoas que não praticam o que elas mesmas pregam?
Eu balançaria a cabeça, e a conversa prosseguiria com Alice investigando de onde vem minha própria crença de que posso remexer os sistemas de crenças alheios: "- Quem é você, coach?" - insistiria Alice...