A capacidade de se comunicar, em especial pela linguagem, é condição essencial para o homem e, a exemplo de tantas outras ações humanas, a comunicação passou por processo evolutivo, percorrendo a história do homem dos tempos primitivos até os nossos dias marcados pelo “mundo digital”.
A evolução das tecnologias de informação, quando nos propiciou utilizar as mais diversas e extraordinárias ferramentas de comunicação, mudou o mundo nas esferas social, política e econômica e influenciou fortemente a cultura das organizações.
Tal evolução contrariou, contudo, a lógica de que deveríamos estar vivenciando também, melhorias na qualidade da comunicação interpessoal, no respeito ao outro, na aceitação de ideias divergentes, no desapego às nossas verdades e julgamentos.
Quando avaliamos resultados de pesquisas de clima organizacional, invariavelmente funcionários indicam gaps relacionados à comunicação em seus locais de trabalho. E, quase sempre, as dificuldades de interação são fontes de conflitos que requerem enormes esforços de lideranças e profissionais de RH, na busca de equipes mais produtivas e de uma cultura laboral harmoniosa. E quem atua no mundo corporativo sabe, por estudos e mesmo pelo bom senso, o quanto estes “desencontros” influenciam não só a qualidade de vida ou o bem estar do trabalhador, mas também os seus níveis de produtividade.
Este contexto nos leva a refletir sobre o tema comunicação interpessoal com especial interesse.
Em artigo de 1997, Axiologia Laboral & Sentido do Trabalho, Javier Estrada H., já descrevia, em livre tradução, que o “mundo que vivemos é paradoxal, desconcertante, contraditório, pois as notícias se difundem com enorme velocidade e o homem não se comunica consigo mesmo e, com seus semelhantes a comunicação é pobre e limitada”.
Em 1998, no prefácio da edição brasileira de Human Dynamics, Peter Senge descreve brilhantemente sobre a necessidade de compreendermos uns aos outros, sobre o quanto as pessoas são diferentes entre si e sobre o quanto a compreensão desta diversidade do funcionamento humano impactaria a sustentabilidade tanto das organizações quanto das sociedades no futuro.