Antes mesmo de ser coach, atuando como advogada no mundo corporativo, a não-violência sempre me encantou como uma forma alternativa de resolução de conflitos. Quando fiz minha transição de carreira, esse viés continuou me acompanhando e pude descobrir o quanto a busca por uma abordagem não violenta também me guiava para um processo de profunda reflexão e mudança interior.
Por exemplo, um dos princípios de não-violência usado por Gandhi para orientar seus discípulos, a palavra em sânscrito Swaraj, tem me apoiado em meu autodesenvolvimento e nos dos meus clientes. O princípio significa: “Eu Rei de mim mesmo”, a consciência de que tenho autonomia e responsabilidade pela minha ação. Em outras palavras:
“O Swaraj é o termo védico que pode ser traduzido também como governo (raj) de si mesmo (swa). Consistente com isso, o Swaraj não pode operar sem Satyagraha, a força da alma e do amor, que é a única arma legítima da não violência (Ahimsa) (USECHE, 2016, p. 77).”
Esse princípio nos convida a olharmos primeiramente para nós. Para o que precisamos. Para o que é importante para mim. Me ajuda a não culpar o outro e assumir a responsabilidade, não só pelas minhas ações, mas também pelos meus sentimentos. Em uma situação real, posso aplicar esse princípio a partir da minha auto-observação e do meu foco. Se observo um desconforto e percebo que meu foco está em julgar a ação do outro e não no que está vivo em mim, então não estou atuando de acordo com a não-violência. No entanto, se paro e me conecto comigo, com a situação que gerou o desconforto, tendo consciência sobre meus sentimentos e minhas necessidades, o foco sou eu, não o outro, estou agindo com base no princípio, estou agindo a partir da minha autonomia de ação.