Ser coach é, antes de mais nada, servir. Aprendi isso quando ainda estava tateando no mundo do coaching, fazendo cursos aqui e ali para experimentar este Universo. Aos poucos fui descobrindo que independente da escola, da técnica e da metodologia, a excelência de um coach profissional é construída sobre a sua capacidade de abrir mão de si para estar a serviço da agenda do cliente. Muitas vezes, quando acho que estou fazendo isso muito bem, tenho que recuar para olhar para mim e me revisitar como profissional, porque outra coisa que descobri é que, como coach, estou sempre aprendendo, não só formalmente, mas pela renovação do olhar sobre mim mesma. Na verdade, eu e muitos dos coaches que conheço, engendramos, ainda que intuitivamente, na jornada do U, a cada sessão e a cada processo, tendo a presença como condição primordial para se estar a serviço. Esta, que não por acaso é uma das principais competências do coach segundo a International Coach Federation, ganha contornos ainda mais profundos na Teoria U, além de um nome diferente: Presencing, cunhado a partir da junção de duas palavras em inglês: presence e sensing. A primeira significa presença e designa a habilidade de agir no agora; já a segunda traduz-se por sentimento e refere-se à qualidade de sentir as possibilidades que emergem a cada instante.
Esta é a explicação técnica e teórica, mas na prática, Presencing é aquele momento em que nos damos conta de que precisamos mudar e não sabemos como. Costumo dizer que a grande beleza da teoria U é o conceito da unidade que ela nos devolve. O que acontece com o meu cliente, acontece comigo e vice-versa. O medo do desconhecido, por exemplo, ao sentir o futuro que emerge, que ameaça o meu cliente, também está presente em mim e reconhecer isso, para mim, torna-me mais apta a apoiá-lo em seus processos, especialmente naqueles momentos em que é preciso dar um salto para o desconhecido, apoiado na sabedoria interior, deixando ir o que não serve mais, e abrindo-se para o novo. Seguir a jornada a que o modelo do U convida, pressupõe uma mudança do lugar interior a partir do qual se atua e incita a “habitar” os sentimentos significativos ou insights que surgem.