Aproximei-me da Teoria U pelo caminho da experiência e posso dizer que não há melhor trajetória que essa. Estava em um momento de grande transformação pessoal e a leitura do livro “Teoria U” – meu primeiro contato com o tema - seguiu em paralelo ao meu próprio movimento, permitindo que eu vivenciasse cada etapa de maneira muito especial. Era tão intenso que muitas vezes fechei o livro para dar conta da emoção que surgia por conseguir encontrar em suas páginas a descrição do que sentia. E havia mais, percebia no modelo do U a junção de muito do que vinha estudando em vários âmbitos, num sistema com potencial real de transformação para as organizações, onde sempre atuei.
Isso foi em 2009. De lá pra cá, estudei e experimentei bastante não só a Teoria U, mas outras metodologias afins, mencionadas nas páginas dessa revista. Fiz alguns cursos com o mentor da Teoria U, Otto Scharmer, e com sua equipe, e pude me conectar ao olhar amoroso que cada um deles dedica ao desenvolvimento humano em todos os níveis. Aprendi com o próprio Otto que há mais para experimentar e vivenciar do que para estudar, quando, em uma primeira conversa, alertou-me diante da minha dificuldade em “ensinar” o assunto: “Presencing não é uma metodologia que possa ser imposta às pessoas. Na verdade, eu diria que é impossível explicar o que é Presencing a quem não experimentou isso em sua própria vida.”
Desde então, tenho procurado criar espaços de experiências e de aprendizagem da Teoria U em congressos na América Latina e, recentemente, em programas voltados para coaches. A Teoria U é uma ferramenta pronta para aprofundar a atividade de coaching e, o mais importante, para possibilitar que nós, coaches profissionais, possamos evoluir cada vez mais em nossa prática. Os desafios da nossa era mostram-nos a todo momento que não é suficiente atuar com foco em mudanças superficiais. Precisamos trabalhar de forma mais profunda e contribuir para mudanças de paradigmas e padrões e a Teoria U oferece uma estrutura e um método para isso.
Hoje, a Teoria U é parte da minha vida e, por mais que esteja sempre aprendendo coisas novas, ela fica lá como pano de fundo para todos os meus trabalhos, sejam eles projetos organizacionais ou processos de coaching. Por isso, coordenar essa edição da Revista Coaching Brasil me encheu de alegria. Nessa edição, reunimos um time de peso que inclui Janine Saponara, tradutora dos livros de Otto Scharmer no Brasil; Marcos Wunderlich, meu primeiro mestre no coaching e uma pessoa que se destaca em seu segmento; Bernadette Castilho, que há muitos anos escolheu o caminho do aprendizado contínuo com uma energia contagiante; Cris Henriques que trouxe para o movimento do U seus conhecimentos sobre a arte e Léa Kogut, dotada de uma sensibilidade ímpar, devotada à excelência do coaching e ao desenvolvimento de pessoas, áreas em que une rigor e muita amorosidade.
Essa mistura, por si só, bastaria para tornar o conteúdo dessa edição precioso, desses que a gente arquiva para futuras referências. Mas há tanto mais nessas páginas, que me sinto impelida a expressar o desejo pessoal de que todos os leitores possam ser contagiados pelo amor à humanidade que une a todos os autores que se dispuseram a compartilhar seus conhecimentos conosco. Quem mergulha na Teoria U vai descobrindo esse amor que nos move a interagir com o mundo de uma forma diferente, aprendendo com tudo e com todos, ampliando o olhar, aprofundando a escuta, abrindo a mente, o coração e a vontade. Bem-vindos a esse Universo!
Mônica Alvarenga
Artigo publicado em 14/12/2017