Pensei em refletir com vocês sobre a redoma e o casulo em que vivemos e a miopia ou cegueira que trazemos para nossas vidas, enquanto lia um artigo da Revista HBR e uma reportagem do Linkedin.
O artigo de Hal Gregersen na revista Harvard Business Review de março com o título: “O Estouro da Bolha do CEO - por que os executivos devem falar menos e perguntar mais”. Nele, Hal destaca como o poder e os privilégios isolam os altos executivos de informações que possam desafiar suas crenças e hipóteses e permitir que você abra a mente e a visão para novas oportunidades.
Hal afirma que “se você é líder, pode se colocar num casulo – no casulo das boas notícias ... todos lhe dizem que está tudo bem – não há problemas. E no dia seguinte, está tudo errado”.
Absolutamente prejudicial numa era de tamanha complexidade, volatilidade e incerteza, quando os mercados e o mundo mudam rapidamente. A bolha em que nos colocamos obstrui nossa capacidade de olhar para fora e para frente e perdemos a capacidade de identificar os primeiros sinais de uma mudança radical que desponta.
A segunda reflexão veio da reportagem do Linkedin, que apresentava a tristeza que o CEO da Nokia sentiu durante a coletiva de imprensa quando anunciava a compra da Nokia pela Microsoft afirmando: “Nós não fizemos nada de errado, mas de alguma forma, perdemos”.
Apesar de ser uma empresa rentável e ter feito tudo certo, esqueceram de aprender e perderam a mudança. Aqui, de novo, nos deparamos com o que Hal constatou – a bolha do CEO o isolou e evitou que ele olhasse para frente e para o futuro.
O casulo, a bolha e miopia, não são riscos somente para CEOs ou líderes, eles afetam a todos nós. É muito fácil cairmos nessa armadilha. Lembre-se que a vantagem que você tinha ontem e tem hoje, pode ser rapidamente substituída amanhã. Você não tem que fazer nada errado, desde que seus concorrentes estejam atentos e peguem a onda da tendência e façam corretamente, antes de você.
O filtro das informações que nos é apresentado, fruto dos mesmos veículos e canais que lemos, a arrogância da liderança de mercado, a convivência com pessoas iguais e a ausência de diversidade, os vários níveis hierárquicos dentro da organização e o sentimento de conforto são algumas das ciladas.
Para mudar, é preciso sairmos da zona de conforto, experimentarmos o desconforto, aprendermos a melhorar a nós mesmos sempre.
Arrisque, erre e se dê muitas chances de se renovar. É importante aprender sempre. Aprender significa ter consciência das nossas forças e fraquezas para não nos enganarmos com o efeito perverso que ela traz – ego. Como escreveu certa vez Joseph Campbell, “o seu tesouro está onde você tropeça. A caverna que lhe dá medo de entrar se torna a fonte do que você procura”.
Precisamos deixar nossas certezas de lado, desafiar nossas verdades, nos expormos diante da maior variedade de grupos e pessoas e ouvir muito. Segundo Hal, uma das qualidades mais impressionantes de Guy Laliberté, cofundador do Cirque du Soleil, é que quando alguém expressa uma ideia maluca ele o incita a falar mais, dizendo: “ok, continue, não tenho certeza disso, mas continue”.
Precisamos aprender a ser como o surfista que se coloca além das ondas e aguarda pacientemente os movimentos e tendências do mar, do mercado e do ambiente para só então se colocar na onda e seguir adiante.
Em um mundo que se transforma a todo instante precisamos:
- Estar sempre com a mente aberta, ouvindo e observando a todos e a tudo.
- Dialogar sempre.
- Analisar a situação de várias perspectivas e se não conseguirmos, peçamos para pessoas diferentes falarem e compartilharem suas perspectivas.
- Ampliar o campo de visão, investigando e fazendo muitas perguntas. Perguntar é mais sábio que afirmar.
#ficaadica
http://hbrbr.uol.com.br/o-estouro-da-bolha-do-ceo/
https://www.linkedin.com/pulse/o-ceo-da-nokia-concluiu-seu-discurso-dizendo-isso-nós-freitas?trk=v-feed&lipi=urn%3Ali%3Apage%3Ad_flagship3_search_srp_content%3B4R%2Bif%2F8%2BSZishYHaXUfFkQ%3D%3D
Artigo publicado em 23/10/2017