“Sentia um acréscimo de estima por si mesmo e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”
Eça de Queirós, O Primo Basílio
Assisti a um vídeo fantástico, um teaser de um jogador de sinuca/bilhar (não sei a diferença, risos) profissional. O vídeo é contagiante e evidencia a excelência daquele rapaz no que ele se propôs a fazer. Não sei se ele diz que é um jogador top, mas certamente dizem isso por ele.
“Viagem top, festa top, carreira top, treino top, amigos top…” Além da redução linguística nela encerrada, a palavra “top” parece querer expressar a ideia de excelente. Esta, por sua vez, tem entre seus sinônimos vocábulos: distinto, notável, brilhante, excepcional, extraordinário. Todas elas traduzem o superior, o que está acima do padrão.
Até aqui, tudo legal.
Porém... A ideia de que temos-de-ser-excelentes-agora-mesmo vem povoando o imaginário das pessoas com cada vez mais intensidade, conduzindo-nos a uma espécie de autismo, como quem cria um universo paralelo para si, negando a realidade que se impõe diante dos olhos.