O coaching tem crescido no país como a promessa de uma nova vida profissional para o coach, um divisor de águas, o que separaria sua vida em dois momentos AC/DC (antes e depois do coaching). Antes, uma vida chata, monótona e sem dinheiro. Depois, uma vida próspera, trabalhando pouco e com muito prestígio. A proposta é sedutora e, com isso, tem trazido profissionais com boa formação, ou que querem uma boa formação, que estão de fato buscando um trabalho sério e resultante de grande esforço intelectual, mas também tem trazido o aprendiz de feiticeiro, que mal aprende o abracadabra e já sai querendo fazer magia por aí.
O coach aprendiz de feiticeiro é fácil de reconhecer. Se você fez um curso de formação destes de 200 pessoas por turma, certamente se deparou com um coach aprendiz de feiticeiro, ou vários. É fácil de reconhecer. Como ele, em geral, estudou pouco de comportamento humano, de psicologia ou de conhecimentos que são fundamentais para a prática, ele é o mais empolgado. Tudo é novidade e acredita que na aplicação das técnicas vai dar absolutamente certo, conforme previsto. Dessa forma, logo depois de fazer a prática da ferramenta com seu partner do curso, se sente confiante de aplicá-la em qualquer lugar. Sai pela rua aplicando. No caminho para a casa, com o taxista. Na hora do almoço, com o garçom. Em casa, com a esposa e com o filho.
Tudo bem! Podemos dar um desconto para o coach “Sabrina”. Afinal, quem nunca ficou encantado com um novo universo de conhecimento, com ferramentas que não imaginava existir, com fundamentos aos quais não havia sido apresentado. Uma criança, quando aprende a soletrar, soletra tudo o que vê pela frente. Quando aprende a ler, lê até coisas que ninguém lê no dia-a-dia, como aquelas placas de aviso que ficam nos aeroportos, metrôs e ônibus. Isso é típico da aprendizagem.