O conceito do que é Coaching e o que ele proporciona vem se consolidando. Várias foram as situações, há aproximadamente 10 anos, quando eu era chamado em empresas que alegavam querer contratar Coaching e o que elas buscavam eram outras atividades como mentoring ou treinamentos, apenas para citar duas delas. O mesmo ocorria com as pessoas que buscavam Coaching de vida. Na conversa inicial mencionavam outros coachees meus que haviam recomendado meus serviços. Falavam como eles tinham percebido as mudanças nestas pessoas e queriam algo semelhante para elas também, mesmo não sabendo direito do que se tratava o processo. Alguns, um pouco sem graça, nem sabiam pronunciar direito a palavra. Atualmente vive-se um outro contexto onde existe uma melhor definição do que é Coaching e o que ele pode proporcionar. Passamos por um amadurecimento não só aqui no Brasil como também em outros países. Mesmo assim ainda encontro definições para a palavra Coaching que variam e até chegam a ser opostas, uma vez que esta atividade, pelo seu forte apelo em função do retorno que pode proporcionar, vem sendo usada por diversos profissionais em várias situações mesmo aquelas que absolutamente não são Coaching.
Quando uso a palavra Coaching me refiro a um processo que ajuda a pessoa a voltar ao seu melhor estado interno e lá permanecer a maior parte do tempo. Quando menciono estado interno estou me referindo como nos encontramos emocionalmente em uma determinada situação. Há momentos em que, mesmo que estejamos enfrentando desafios, conseguimos nos manter equilibrados e utilizar todos os recursos que temos. Não entramos em pensamentos, comportamentos ou emoções como se fossemos uma vítima, mas sim agimos dentro do melhor que podemos ser ou fazer como eficientes protagonistas. Este é o nosso melhor estado interno. Já há outros momentos em que parece que o emocional se desequilibra de tal forma que acontece exatamente o contrário. Não conseguimos fazer o que em outras circunstâncias faríamos com facilidade. Coaching trabalha para que o cliente fique no seu melhor. A partir daí, há uma ampliação de percepções e o mundo limitado, muitas vezes composto de uma alternativa só, se transforma abrindo espaço para novas opções que aumentam significativamente a possibilidade dos seus objetivos serem alcançados. Esta definição envolve alguns importantes aspectos. O primeiro passa pela palavra processo. Isto porque Coaching tem uma estrutura com etapas definidas, o que não quer dizer que não haja flexibilidade e que o perfil, o momento ou os objetivos do coachee não serão levados em consideração. As sessões poderão não seguir obrigatoriamente um roteiro predefinido. Já o processo tem começo, meio e fim. O coach saberá que não imporá nada ao coachee e que está numa posição de alguém que “ilumina” aspectos que talvez estivessem escuros para o coachee. Este, ao entrar em contato com o que se iluminou, pegará para trabalhar ou não o que aparece. Ser coach exige manter este equilíbrio entre atenção ao processo e expansão de opções do cliente. Assim há um processo que o coach lembra ao coachee sempre que necessário. “De que forma esta ação que você propõe levará ao seu objetivo?”. Esta é uma pergunta de quem está atento ao processo. Ao mesmo tempo, enquanto tudo segue de acordo com o esperado pelo coach, seja pelas tarefas acordadas, seja pelas respostas que são dadas às perguntas, o que há é uma atividade limitada pelo coach, que deverá saber que o verdadeiro Coaching inicia quando o coachee toma um caminho totalmente inesperado. Aqui entra a imparcialidade que vem da ausência de julgamentos e, baseado nas formações de Coaching que conduzo como trainer, este é um dos maiores, se não o maior desafio, para sermos um coach. Quando algo totalmente inesperado aparece é o momento do coach se admirar e acreditar que é sua função, e neste momento ele, totalmente conectado ao cliente, irá ajudá-lo nesta jornada. É fazer perguntas cujas respostas ele não tem e espera que o coachee as encontre. É também acreditar que nós, coaches, temos muito que aprender com os coachees.