Querido(a) leitor(a),
Chegamos a mais um final de ano. Alguém mais está com a sensação de que este ano passou meio rápido? Foi um ano de muitas mudanças no mundo, nas publicações, nas mídias sociais, na internet, nas empresas e nos RHs. Parece que duas letrinhas viraram a nova febre do momento “IA”. Mas o que queremos mesmo é falar sobre o humano.
Alguns temas chegam de mansinho, mas quando percebemos, já estavam circulando pela casa, sentados no sofá e pedindo um café. Práticas de Vida Integral é exatamente assim. Não é uma novidade que caiu do céu, é um chamado antigo que ganha força justamente num tempo em que tudo parece tentar nos transformar em partes desconectadas. Vivemos pressionados por metas, ruídos, demandas e por esse hábito moderno de funcionar em modo fragmentado. A vida inteira pede passagem, mas a agenda insiste em ser cortada em quadradinhos.
Cinco anos depois de coordenar o dossiê sobre Teoria Integral, na edição 81, em fevereiro de 2020, Alexandre Marques retorna com o tema “Prática de Vida Integral” e foi ele quem propôs o tema. Lá atrás ele nos ofereceu o mapa. Agora ele nos entrega o território vivido. Neste dossiê, Alexandre nos lembra que compreender é apenas o primeiro passo. A vida pede prática, pede chão, pede uma certa disciplina existencial que une presença, coragem e sinceridade. É o movimento de integrar o que ignoramos, acolher o que evitamos e dar linguagem ao que ficou guardado.
Tudo isso se torna ainda mais necessário no cenário atual. A quantidade de siglas que tentam explicar nossa confusão coletiva já virou quase um esporte mundial. VUCA, BANI, TUNA e tantas outras pretendem descrever o turbilhão, mas nenhuma resolve o essencial. Falta profundidade. Falta escuta. Falta inteireza. E é aí que este dossiê entra como um convite para respirar mais fundo e lembrar que somos um todo, e não uma coleção de partes que tentam funcionar sozinhas.
A curadoria do Alexandre reuniu cinco pessoas que vivem a integralidade de formas muito diferentes e igualmente autênticas. Farley Lobo fala da cura que nasce da reconciliação com a própria história. Fernanda Jordão mostra como o burnout pode se transformar em renascimento quando a biografia é compreendida como processo vivo. Marcela Tirá Argollo revela a beleza da prática diária, aquela que cabe no cotidiano real. Márcia Poppe traz a centralidade do corpo como lugar de transformação profunda. Paulo C. S. Passini articula maturidade psicológica e despertar espiritual com clareza rara. E o próprio Alexandre aprofunda a inteireza radical, mostrando que corpo, mente, espírito e sombra podem finalmente caminhar juntos.
Este dossiê não entrega respostas prontas. Ele oferece convites. Convites para reencontrar presença, cuidar do que é essencial e voltar a existir com mais coerência. Que a edição 151 acompanhe sua jornada com leveza e verdade, e que a inteireza encontre espaço em sua vida, mesmo nos dias comuns.
Boa leitura e bom mergulho.
Luciano Lannes
Editor da Revista Coaching Brasil
Artigo publicado em 05/12/2025