As 7 Tendências Essenciais de RH para 2025
O Dossiê da edição 142 vem sendo estudado e preparado há um bom tempo, pelo menos um ano. Ele surge da minha vivência organizacional de 45 anos, sendo 18 dentro de uma multinacional e 27 como consultor, trainer e palestrante, como um convite à reflexão crítica sobre o papel do RH, propondo uma transformação radical que vá além dos discursos vazios e das práticas superficiais.
Alguns, especialmente os mais jovens, podem estar sentindo algum incômodo com o tom adotado já em nossa capa, mas permita que este sentimento seja instigador para a abertura das portas da curiosidade e da reflexão para uma análise mais crítica.
Aqueles mais conectados ao rock dos anos 70 e 80 notarão que a inspiração da ilustração da capa, feita sempre pelo nosso parceiro desde 2012, Danilo Scarpa, vem do álbum “The Wall” e do clip da música “Another brick in the wall”, uma crítica, na década de 70, ao rígido sistema educacional britânico, especialmente de internatos, em que os professores eram extremamente autoritários e não estimulavam o pensamento crítico dos alunos. No clip, crianças, todas com a mesma face são conduzidas por uma esteira rolante para um grande moedor de carne, simbolizando o sistema que engessa, reprime e usa as pessoas como animais.
Nosso dossiê tem muito a ver com este movimento de revolta, de insurgência contra um sistema utilitarista e opressor que usa as pessoas até a última gota de energia e as descarta em seguida.
Já no primeiro congresso de RH que participei, final da década de 80, falava-se sobre humanizar as organizações, sobre como integrar o humano com a produtividade, trazendo lucro para quem investia e felicidade para quem produzia. Quase 20 anos dentro de uma fábrica me mostravam uma realidade diferente. Comprei o discurso, e embarquei nas águas doces e ao mesmo tempo amargas do desenvolvimento humano.
Há um bom tempo, a área de Recursos Humanos enfrenta uma série de mudanças. Há 40 anos era grande e cheia de divisões, quando teve que fazer um regime forçadíssimo. Emagreceu demais, perdeu além da gordura, cérebro, conhecimento e história, muita história. Na sequência, na tentativa de cumprir com todas necessidades organizacionais, vieram as eras do generalista
e especialista, intercalando-se e procurando uma composição ideal.
Claro que isso gerou uma crise de identidade. Por um lado, ela se apresenta como uma aliada dos colaboradores, promovendo iniciativas de engajamento, diversidade e inclusão. Por outro, muitas vezes atua como um braço operacional da gestão, implementando políticas que visam principalmente a otimização de custos e o aumento da produtividade. Essa dualidade tem gerado desconfiança entre os trabalhadores, que veem no RH um agente do empregador, e não um defensor legítimo de seus interesses. Como viver com um pé em cada canoa?