Para começar, desejo falar de presença, vez que propicia a abertura que possibilita a emergência do sujeito, na verdade, da relação.
Esse sujeito, autor, não nasce pronto, precisa ser des-coberto, des-envolvido, em um parto autogovernado, mas multi-estimulado. No processo, cada um faz o que pode, alguns podem mais e outros menos, mas raros alcançam a plenitude do potencial que estava na semente. Para os que desejam ser mais daquilo que vieram ser, existe, entre outras formas, o Coaching. Caminho que demanda vínculo entre corações, onde o coach se desarma, por exemplo, de instrumentos e o coachee, da sua zona de conforto com suas justificativas. Ambos dispostos a se entregar, alargando suas fronteiras para tecer uma relação e ascender um campo energético, libertador da coragem. Coragem aqui não significa: virtude, bravata (disfarce do medo).
Coragem é o sangue que irriga o corpo permitindo seu funcionamento. Para R. May, “- Coragem é necessária para que o homem possa vir a ser”. Venho aprendendo que a Coragem está no coração, do latim cor, cordis.
Sempre gostei da ideia de O. Wilde: “- A vida imita a arte” muito mais do que “A arte imita a vida”. Assim, uma boa metáfora é o filme "Up in the air", mal traduzido como "Amor sem escalas". George Clooney protagoniza um executivo (Ryan) que viaja pelos EUA demitindo pessoas. Nos poucos intervalos em solo, faz palestras sobre mochila vazia. Muito convincente, exemplifica os inconvenientes de apegar-se a qualquer objeto ou pessoa. Seu coração está endurecido. Acontece que a vida lhe prega uma peça e vê-se obrigado a viajar com uma jovem, recém contratada. Curioso é que supostamente ela o acompanha para aprender sobre a importância da presença no momento difícil de uma demissão. Outra surpresa, encontra uma executiva viajante, aparentemente igual a ele, o que lhe possibilita “baixar a guarda”, sem saber que isso leva à formação de laços. No caso dele, realmente se desenrola em surpresa, admiração, alegria e encantamento.