O ano era 2016 e eu estava nos Estados Unidos em uma viagem que misturava congresso profissional à passeios pelos parques de Orlando e eu só conseguia sentir raiva de estar ali perdendo tempo em filas e não achando nada divertido.
Sim, eram os sintomas da boa a velha depressão que mostrava sua cara novamente. Uma recaída. Uma conhecida antiga. E eu já sabia o que fazer: ir ao médico, diagnosticar o nível e tratar com medicamentes por mais um período. Veja que coisa boa: já existe a saída e isso não vai perdurar.
Mas desta vez a irritação era tão grande que saber que tinha saída não era mais suficiente, eu queria não ter mais isso. Correndo o risco de parecer uma criança mimada eu afirmo: não queria mais ter isso. Isso o que eu sei que tenho e continuarei tendo. Não precisamos discutir origens, diagnósticos, crenças nem nada disso. Era apenas eu brigando para não ter algo e me apegando ao que não tinha.
E este foi o começo de tudo.
Tudo o quê?
A viagem para dentro.
Segui o caminho esperado e conversei com minha médica que me contou que existia um tal de “Mindfulness” que estava mostrando bons resultados na prevenção de recaídas de depressão; e lá fui eu, procurar esse tal desconhecido.
Uma amiga se prontificou e me matriculou em um curso de “Mindfulness”, então chego lá e descubro que era meditação Mindfulness e me pergunto: mas eu já medito e tenho a tal depressão, por que esta seria diferente?
Eu sou uma pessoa que obedece a regras (nem sempre), então me propus a fazer o curso “by the book”, ou seja, ir a todas as aulas, fazer todas as tarefas e ver o resultado. Descrente, é claro. Mas lá estava eu, sentada fazendo as práticas meditativas, conversando sobre as experiências e por volta da metade do curso me dei conta que alguma chave havia virado e eu estava funcionando diferente.