A Clínica infantil e adolescente, por acompanhar indivíduo em desenvolvimento, possui algumas peculiaridades, como a análise da relação pais/cuidadores-criança/adolescente, a busca pelo entendimento da dinâmica familiar, seus esquemas emocionais, tendências e padrões comportamentais e o estabelecimento de uma relação de confiança terapeuta-paciente, para que este adquira liberdade emocional que o permita gerenciar suas emoções e agir de forma funcional, levando-o ao bem-estar.

O bom prognóstico dependerá da precisão diagnóstica, do bom entendimento dos sintomas e da evolução deles. Faz-se, então, necessário a investigação da infância e adolescência do paciente como sendo a fase primordial para o início do tratamento. Nessa fase é fundamental a anamnese, que inclui as entrevistas iniciais em que são coletados dados aprofundados sobre o avaliado, com foco principal no histórico do desenvolvimento mental e nos motivos que levam a criança ou o adolescente ao tratamento.

É nesse primeiro contato, que as primeiras hipóteses serão levantadas, avaliadas e confirmadas a posteriori, não excluindo a possibilidade do surgimento novas, durante tratamento. O vínculo estabelecido nesse primeiro contato tem um papel importante, pois é essencial estabelecer uma relação de confiança, empática e colaborativa para o sucesso do processo psicoterapêutico avaliativo e futuro tratamento.

Além da necessidade de entendimento sobre a peculiaridade da infância e adolescência, é categórico, ao tratar desse público, considerar o contexto ambiental e temporal. A teoria ecológica de Bronfenbrenner, explica e categoriza em cinco sistemas que têm influência sobre o desenvolvimento psicossocial da criança: microssistema – que envolve os indivíduos que têm relação com a criança (escola, família, amigos); o mesosistema – sobre as relações entre esses grupos; exosistemas – elementos que não tem relação direta com a criança, mas que podem afetar seu desenvolvimento de alguma forma (trabalho dos pais); e o macrosistema - elementos da cultura em que a criança está imersa, que afeta todos os outros sistemas (valores, crenças, religião); cronosistema – refere-se ao momento da vida em que o paciente se encontra em relação às situações que ele está vivendo. Os cinco sistemas, por sua vez, relacionam-se entre si, de maneira que a influência de um deles no desenvolvimento da criança depende do seu relacionamento com os outros, sendo organizados desde os mais próximos da criança, até os mais distantes dela.