O maior ativo que temos na vida é nosso CPF e confesso que por muito tempo me descuidei dele. Então me deixa te contar sobre mim e talvez você ache um pouco de mim em você.
Quem sabe ao término destas linhas corridas de vida, você não empreenda mais para si.
Eu me achava predestinada a ser executiva, chancelada com faculdade de primeira linha e inglês na ponta da língua. E foi assim que em janeiro de 1997 estreio minha vidinha profissional como trainee da Unilever.
E de lá vieram outras multinacionais, investida de fundo grande, consultoria de M&A e por último holding familiar. Me descobri uma poliglota cultural, feríssima em marca e comportamento de consumo. Só que ainda encapsulada neste modelo mental do “cara-crachá”. Minha empresa, minha vida.
Eu amei tudo que fiz, me orgulho de tudo e sou grata por tanto. No entanto, só realmente me transformei quando tirei os olhos do CNPJ e abracei com gosto meu CPF.
A virada veio na pandemia. No meio daquele caos, decidi fazer um sabático acadêmico. Foram 9 meses de estudo formal, cursos e certificações. Eu, pela primeira vez, decidi investir em mim. Não foi assim tão consciente, eu tinha para mim que estava me dando um presente.
Mal sabia eu que ali virei minha própria acionista.
O processo de romper o laço com o meu “eu executiva” foi gradativo e de certa forma doloroso, mas quando vi já não tinha volta. Não dá para voltar pelo simples fato de você não estar mais lá. Joguei holofote nas minhas excepcionalidades profissionais e abandonei aquilo que não fazia tão bem, ambos pontuados anualmente nas minhas avaliações de performance. E se pararmos para pensar, esse é o certo a fazer. O primeiro nos dá prazer e o segundo só chateação. Prefiro produzir bem e feliz.