Mãe minha, mãe imensa, estou a escrever-lhe porque estou sensível, tenho a alma envolta num manto de saudades.
Mãe, respeito-a porque teve a coragem de me acolher no seu ventre e de me ver nascer, e foi difícil, e de me ver crescer, o que ainda foi mais difícil.
Mãe, há mulheres que sorriem porque estão a ser abraçadas pelos filhos a quem quiseram dar vida.
Porque é uma fortaleza, que vive com doçura, a palavra generosidade é a sua bandeira, os netos são os seus amores e o seu orgulho, as bisnetas deram-lhe sorrisos.
Amou o meu pai como só se ama uma vez. Eu tinha ciúmes quando os via de mão dada. Agora percebo como esse amor era único.
Esteve sempre presente na minha vida.
Nas birras, na escola, no medo dos meus namoros, no "porta-te bem".
Nas minhas irreverências adolescentes e foram muitas.
No liceu e na Universidade de Psicologia. Ia lanchar comigo de vez em quando e isso era tão saboroso.
Na minha ida para a Noruega, nos meus inter-rails!
Quando fui mãe do primeiro filho, quando fui mãe do segundo filho!
Cresci e descansou um pouco. Na realidade, as mães nunca descansam...
Digamos que passou a estar menos ansiosa, a rir-se dos meus disparates, a achar fantástico que eu fosse vertiginosa.
Mãe, há mulheres que esperam, sós, que os filhos apareçam para o imenso e desejado abraço...os filhos não aparecem e as mulheres secam as lágrimas porque o desejo era um sonho.