Como coaches, um de nossos principais objetivos é criar as condições para que a relação profissional se confirme como uma parceria que instiga e facilita desenvolvimento para o cliente. Acredito que para tanto, precisamos, verdadeiramente, incorporar a mentalidade coaching, definida como aquela em que “o coach desenvolve e mantém uma mentalidade aberta, curiosa, flexível e focada no cliente” – conteúdo recentemente adicionado ao modelo de competências da ICF.
Sabemos que coaching é um processo de aprendizagem e desenvolvimento contínuo que surge do autoconhecimento, da reflexão profunda e honesta que leva à consciência, gera responsabilização e provoca ação. Viver esse processo como cliente é extremamente gratificante, mas como nós no papel de coaches somos impactados por nossa prática? Como gerenciamos as emoções envolvidas? Nossas e de nossos coachees? Quais são nossos cuidados para manter presença, cultivar confiança e segurança, realizar escuta ativa, evocar conscientização e estar sempre alertas à ética e aos acordos estabelecidos?
Neste artigo, busco instigar e provocar reflexão sobre o papel das emoções no processo de coaching considerando não apenas a perspectiva do cliente, mas principalmente a do coach. Como trabalhamos nossas emoções e como as utilizamos em prol do cliente e para o nosso desenvolvimento profissional?
Lidar com emoções exige esforço e atenção e por muitos anos fomos convidados a deixá-las em casa, engolir o choro, evitar cenas, manter a compostura. Quem nunca ouviu ou presenciou algo assim? Razão e emoção eram tratadas como conceitos excludentes ou contraditórios. Nos últimos anos, entretanto, as emoções ganharam destaque, sobretudo no contexto do trabalho, e o desenvolvimento das softs skills, aqui livremente traduzida como habilidades socioemocionais, assim como o domínio de expertise emocional ganharam notoriedade. Mais ainda, se tornaram essenciais em tempos de incerteza que trouxeram à tona a necessidade de cuidados com saúde emocional e mental.