“Um momento de autocompaixão pode mudar todo o seu dia. Uma série de momentos como esse pode mudar o curso de sua vida.”
Christopher Germer
Há 5 anos, ouvi pela primeira vez a palavra autocompaixão e pensei: “Eu não sei exatamente o que é isso, mas sinto que preciso de compaixão”. Nesse momento, associei autocompaixão a ser mais bondosa comigo de alguma maneira. Ao longo dos últimos anos, compreendi e experienciei que autocompaixão vai muito além de sermos bons consigo.
Autocompaixão é compaixão para si. Assim, precisamos compreender o que é compaixão. Paul Gilbert, um psicólogo inglês criador da Terapia Focada na Compaixão, a define como a sensibilidade ao sofrimento, meu e do outro, e uma motivação genuína de aliviar e / ou prevenir esse sofrimento. Então, frente às dificuldades que enfrentamos de modo cotidiano em nossas vidas e às que presenciamos entre amigos, na sociedade, precisamos ser tocados por esse sofrimento para que brote um desejo genuíno de fazer algo para cuidar daquilo, trazendo alívio para as pessoas envolvidas. A compaixão então é um processo, que envolve o reconhecimento das dificuldades / sofrimento, a tolerância a estes, a empatia e por fim a motivação para fazer algo para aliviá-los e / ou preveni-los. Então, a compaixão é uma resposta ao sofrimento e a autocompaixão é uma resposta ao próprio sofrimento.
Kristin Neff, uma pesquisadora da Universidade do Texas, é a pioneira no campo da autocompaixão e ao longo dos últimos 20 anos desenvolveu pesquisas sobre o tema. Ela desenvolveu uma escala para avaliação da autocompaixão que foi utilizada em centenas de investigações. Junto com Christopher Germer, psicólogo associado na Universidade de Harvard, desenvolveu o Programa de Mindfulness e Autocompaixão Mindful Self-Compassion (MSC), um programa para o treinamento da habilidade da autocompaixão. O MSC foi traduzido para 22 idiomas e existem professores no mundo todo trabalhando com ele.
Para Neff, a autocompaixão envolve tratar a si mesmo da mesma forma como você trataria um amigo que está com dificuldades, mesmo que seu amigo tenha cometido um erro. Uma definição mais formal para autocompaixão é: um estado de presença amorosa conectada.
Uma definição ainda mais completa envolve três elementos essenciais, que devem ser compreendidos em relação ao seu “oposto”.
1 - Mindfulness x sobreidentificação: De modo geral, nos “colamos” aos nossos pensamentos e emoções desafiadoras, acreditando que tudo aquilo é verdade. Isso gera bastante sofrimento e tendemos a nos afastar da nossa experiência. Mindfulness nos permite ter consciência da nossa experiência momento a momento, com abertura, nos possibilitando reconhecer nossa dor e estar com ela por um tempo suficiente para que possamos responder: o que eu preciso agora?