Seguindo nosso caminho pelo modelo das sete competências da Associação Argentina de Coaching Ontológico Profissional (AACOP), chegamos à terceira competência: Escuta com abertura e a partir do compromisso do Coachee. Em sua definição, trata-se da capacidade e da disposição de acolher ao Coachee em sua individualidade para que, a partir do compromisso que surge de sua coerência pessoal, possa distinguir quem está sendo e desenhar quem escolhe ser. Em sua abrangência, no entanto, pode-se dizer que é o centro do processo de Coaching e, indo além, o fator determinante da qualidade de todas as relações humanas. Um Coach vai além da escuta da expressão linguística, escutando também o corpo e as emoções do seu cliente, que aliás respondem por 95% da sua expressão.
Na faculdade de Comunicação Social que cursei, aprendi que, para que a comunicação ocorresse, bastava um emissor da informação e o receptor. Simples e linear. Na mesma ocasião, também entendi o quanto a compreensão pelo receptor diferia da expectativa do emissor. Naquela época, o foco era a informação: eu e meus colegas caprichávamos na escrita dita como isenta e imparcial, certos de que assim se daria a comunicação. Ignorava as crenças, experiências, valores e tudo o mais que afeta a forma como cada pessoa interpreta uma mensagem. E mais: como a interpretação determina as ações dela no mundo.
O Coaching Ontológico, em suas bases conceituais, aponta a capacidade que o ser humano tem de modificar a si mesmo e à realidade a partir das interpretações que faz do que lhe ocorre. E a apreensão das experiências vividas se dá pelos sentidos, dentre os quais a audição é apenas um componente. Ampliando, então, a imagem dos processos comunicacionais, pode-se dizer que o escutar acontece pela integração dos sentidos humanos, a partir de toda sua biologia, sendo o resultado de como percebemos e interpretamos os fenômenos.