Vendo Organizações com Novos Olhos
Como seres humanos, sempre vivemos no mundo que podemos ver. Também convivemos com o que os psicólogos chamam de "cegueira cognitiva". Cegueira é a condição em que não sabemos o que não sabemos. Por exemplo, eu não fui treinado como médico, então eu não tenho as distinções, os "olhos" para ver o que um médico pode ver. O médico vê corpos de forma diferente de como eu vejo. Eu não tenho consciência do que eu ainda não sei sobre o que os médicos veem - eu sou cego para o que eles veem. O mesmo acontece com qualquer outro conjunto de distinções e habilidades - ou estamos conscientes e participamos delas, ou as ignoramos (o que significa que sabemos que não sabemos sobre elas) ou somos cegos a elas – elas não existem para nós.
Estamos em uma era histórica onde nosso senso cultural vigente (“mainstream”) é cego para as dimensões generativas que nos cercam. Algumas poucas pessoas que são naturalmente talentosas e afinadas, têm alguma facilidade com a generatividade, já que estas são “regularidades” da nossa realidade, no entanto não tivemos o discurso para revelar essas regularidades ao nosso senso comum cultural (“mainstream”). Precisamos de novas distinções para nos dar novos olhos para ver. Precisamos de novas práticas que possam abrir novas capacidades de ação através do aprendizado incorporado.
Os atos da fala e da escuta estão sempre acontecendo, desencadeando interpretações e reações, moldando a coordenação e os resultados que as pessoas produzem ou não. Só temos que desenvolver as habilidades para observá-los e aprimorá-los. Há um custo em não ser capaz de observar regularidades-chave em nossa realidade, e quando distinguimos um novo domínio de regularidades, também abrimos um novo domínio de design (*).
Nosso senso cultural vigente (“mainstream”) é cego para regularidades fundamentais de como a ação é gerada na linguagem e na escuta. Como resultado disso, temos líderes, gestores e profissionais que se importam, se comprometem, fazem o seu melhor, trabalham duro e, ainda assim, acabam produzindo resultados negativos, porque não sabem como observar os atos da fala e da escuta, que geram as ações e resultados em que estão engajados. Temos alguns líderes e gestores talentosos, com um senso natural do que funciona, mas há uma imensa oportunidade de melhorar o desempenho geral das organizações, o valor do trabalho profissional e reduzir o desperdício e o atrito da vida organizacional, que é tão comum no mundo atual. A melhoria seria alcançada por meio de uma nova consciência, padrões (standards) e práticas baseadas nos aspectos generativos da fala e da escuta. Por meio da fala e da escuta generativas, temos a oportunidade de fornecer uma base mais rigorosa para a gestão, liderança, profissionalismo e ação nas organizações.