Estava eu realizando uma coleta de sangue para um exame de rotina, quando me deparei com uma cena tragicômica. No box ao lado, um garoto que aparentava uns 12 anos de idade era firmemente segurado na cadeira por sua mãe, com mais duas enfermeiras mantendo seu braço esticado enquanto uma terceira tentava coletar seu sangue. Dali a pouco, ouvi seus gritos desesperados, seguidos de um tenso silêncio e logo depois, ele dizendo “- Nossa! Não senti nada”. Não houve uma pessoa próxima que não tenha caído na risada, inclusive o pai, que percebendo meu riso diante da situação, comentou comigo que esse medo fora herdado dele, pois disse ter verdadeiro pavor de agulhas.
Certa vez, conduzi um processo de Coaching com um executivo que se sentia extremamente ansioso e tenso antes de eventos profissionais em que precisava se expor. Ele me procurou, após assistir uma de minhas palestras, onde afirmei que a meditação é um ótimo método para ajudar as pessoas a lidar com suas emoções e controlar a ansiedade. Esse executivo era bastante autocrítico sobre seu desempenho, mesmo quando recebia feedbacks positivos dos colegas após suas apresentações. Apesar de constatar que suas emoções e pensamentos não tinham impacto direto em seus resultados, reconhecia que a ansiedade e expectativa de ser bem-sucedido causavam-lhe uma intensa pressão interna e sofrimento desnecessário em sua vida. Acreditava, inclusive, que para evoluir mais na carreira, precisava aprender a se livrar desse padrão, pois se sentia como uma bomba relógio.
Essas duas histórias ilustram a tese de que não são poucas as pessoas que costumam sofrer por antecipação, diante de acontecimentos que ainda não aconteceram de fato. Todos nós temos ansiedade diante de um evento importante, seja este evento uma entrevista de emprego, uma nova oportunidade profissional, uma apresentação aos seus pares, uma conversa com a chefia, uma competição esportiva, uma visita a um novo cliente ou um simples exame de rotina. Mas quando a ansiedade é exagerada, ela cria um estado interno de insegurança, agitação e perturbação, que pode afastar a pessoa da sua potência e gerar resultados não desejados. Emoções como medo, ansiedade, raiva, tristeza, repulsa tornam-se desagregadoras e disfuncionais quando prejudicam a qualidade da ação. E o mais incrível é que muitas pessoas quando entram de fato no acontecimento, percebem que a experiência não fora tão dolorosa ou difícil como imaginaram. Mas por que isso acontece? Por que as emoções têm uma influência tão grande no comportamento? Como diminuir o impacto negativo das emoções e dar função a elas? Vamos a algumas reflexões.