Esse artigo se baseia na minha apresentação para o I Congresso Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, que ocorreu em 01 de novembro de 2018, cujo enfoque principal foi refletir sobre formas interdisciplinares de apoiar as pessoas a persistirem em seus processos de mudança. Vale destacar que muitas pessoas ainda compreendem os lapsos e as recaídas representam uma falha ou fracasso, assim como acreditar que mudar é algo simples ou linear.
Nesse sentido, compreender a dimensão processual da mudança comportamental implica em novos modos de pensar, sentir, agir e relacionar-se para que a incorporação de novos comportamentos – mais saudáveis, protetores e participativos – seja possível, realista e significativa mediante esforços integrados entre as equipes de saúde e as pessoas para as quais queremos promover o autocuidado e o cuidado compartilhado.
Com o intuito de alinhar nossa discussão, a definição de recaída envolve a compreensão de lapso, uma vez que a recaída corresponde a um retrocesso a um comportamento prévio, enquanto que o lapso representa um deslize que, a princípio, não compromete o processo de mudança em si, mas deve ser considerado como um preditor da recaída e que precisa ser avaliado pelo profissional e pela própria pessoa.
Para que qualquer iniciativa seja mais promissora no apoio aos processos de mudança dos indivíduos, o profissional deve criar oportunidades para uma vinculação empática e colaborativa, pois esse tipo de relação contribui sobremaneira para o levantamento de necessidades, o acolhimento, o estabelecimento de limites e a negociação de metas compartilhadas.