É simples assim: se não compreenderes como se estruturam as histórias, não haverá como saberes como se estrutura a tua própria história. Eis o caminho para o fracasso. Se lidas com outros no teu trabalho e desconheces o que se esconde por entre o emaranhado de elementos que compõem uma narrativa, não tens como ajudar ninguém pois, para transformar, tens de saber o que transformas, por que transformas e até onde podes transformar. Eis não mais a receita apenas para o fracasso, eis a receita para o desastre.
Sem conhecer os vínculos que as histórias têm contigo, acabas agindo como os personagens da historinha a seguir. Inebriados, tornam-se ignorantes do óbvio.
Dois bêbados estavam no bar há mais de três horas enchendo a cara, até que um pergunta ao outro:
— Onde é que você mora?
— Eu moro aqui na rua do lado...
— Ah, vá... Eu também! Mas nunca te vi por aqui...
— Minha casa é a da esquina com jardim na frente...
— Você está de brincadeira! A minha também é na esquina com jardim na frente...
— A minha é aquela amarela... número 743.
— Espera lá! Mas essa é minha casa!!
— Não senhor! É muito minha!
Então resolveram solucionar o mistério e foram os dois na direção da tal casa. Chegando lá...
— É aqui que eu moro!
— IMPOSSÍVEL! Quem mora aqui sou eu!
— Se eu tô falando que moro aqui é porque eu moro!
— De jeito nenhum! Está me chamando de mentiroso?
— Estou sim, essa casa é minha!
— Não, é minha!
— Minha!
— É minha!
E ficaram os dois nesse papo-furado até que a porta se abriu, e uma senhora aparece furiosa e diz:
— BONITO, né? Pai e filho bêbados discutindo no portão!
Engraçadinha a piada? Volto a ela, então, ao fim desta conversa.
Para continuar, porém, vou confessar: quando comecei a minha carreira como consultor de histórias, eu pensava que Storytelling era uma arte cujos princípios se aplicavam ao entretenimento ou ao marketing, não apreciava o valor que as histórias têm para os profissionais que lidam - com o intuito de alinhar para fortalecer - com a mente humana e, portanto, comportamento humano. Eu achava que o coach, por exemplo, ter de parar o fluxo do tratamento para inserir uma história, só iria atrasar mais ou distrair o cliente do ponto a que se quisesse chegar. O mundo era outro, no divã, quem contava a história era o cliente e o terapeuta, à medida do seu conhecimento, e ia fazendo sentido o que o cliente parecia querer dizer. Alinhar uma história demorava meses, talvez anos, talvez nunca alinhasse. Hoje, contudo, aumentaram as buscas por soluções mais rápidas, pelo ‘mude a sua história, mude a sua vida’. E para um coach experiente isso pode ser conseguido em alguns minutos, em privado ou em grupos pequenos, ou em imensas multidões.