Como coach, mentora e supervisora de coaches, sempre me surpreendo quando alguém da área me fala que determinados temas devem ser encaminhados para a terapia ou que o coach não trabalha com medos, sentimentos ou emoções. Considero perigosa esta exclusão. Afirmações como estas são verdadeiros tabus em coaching. Minha pergunta é sempre: "Porque não?" Afinal, quem define os limites é o cliente. É ele quem determina e conduz o ritmo da contradança.
Tratar medos e emoções em terapia e em coaching tem diferença sim. O melhor dos mundos é quando o cliente opta pelas duas condutas, mas o coach deve evitar determinar a priori, sem antes fazer uma exploração de significados, intencionalidades de resultados e expectativas desejados pelo cliente.
O coach, assim como o psicoterapeuta, trabalha a natureza humana, suas questões e temas de autoconhecimento, como no caso do coaching de desenvolvimento, onde aparecem reflexões mais profundas, dilemas e questões mais amplas no âmbito das emoções - não importa se o tema for profissional e/ou pessoal, porém, em intensidade diferente do psicoterapeuta, que tem como foco atuar com estes temas em profundidade.
Quando o coach está trabalhando aspectos pontuais, como no caso de um coaching skill ou temas relacionados ao coaching de performance, frequentemente as emoções e questões existenciais aparecem com menos profundidade.
Coaching pressupõe mudanças de dentro para fora, que se expressam em comportamentos observáveis. Trata-se de um processo que explora e ajuda o cliente a identificar os motivos intrínsecos ao seu tema de trabalho em coaching, mas não fica por aí, o cliente entende e caminha para uma mudança desejada de futuro.
Mas seja qual for o modelo de coaching requerido, a questão ou o motivo que o cliente traz, requer uma busca de significado, o que está por trás do tema, muitas vezes é a verdadeira questão do coaching.
É muito raro o cliente trazer o tema de coaching explícito. Explicitar o que está encoberto já é coaching, principalmente quando se trata de um coaching de desenvolvimento, o motivo aparente nem sempre é a razão do que o trouxe até o coaching e sim o sintoma de um incômodo. Muitas vezes, a raiz do “problema” é nebulosa até para o cliente, que diz: “- Eu sei o que quero, sei o que tenho que fazer, mas não faço!” O coach já inicia o processo buscando a identificação desta pergunta, que chamamos de contratação da questão.