“Ali, onde você coloca sua atenção, você cria a realidade.”
Willian James
Angustiado, um aprendiz procura seu mestre para se aconselhar. Afirma estar insatisfeito com sua vida, com sua excessiva agitação interna, sentindo-se muitas vezes sem rumo. Diz ao mestre: “- Eu gostaria de ser como o senhor, meu querido mestre”. Então, o mestre, com sua peculiar simplicidade, humor e objetividade, revela ao aprendiz o segredo de seu sucesso: “- Quer ser como eu? Muito simples! Quando comer, coma; quando conversar, converse; quando trabalhar, trabalhe; quando dormir, durma”.
Todos nós, em certas ocasiões da vida, nos encontramos como esse aprendiz, em crise de presença e foco. Sequestrados por mil pensamentos, emoções, lembranças ou projeções que invadem nossa mente sem permissão, somos afetados por um estado crônico de distrações. Sem falar das distrações externas do ambiente e as motivadas pelas tecnologias, percebíveis nos hábitos de muitas pessoas hoje em dia, que andam e dirigem pelas ruas com os olhos fixos em seus smartphones ou pedalando a bicicleta com fones nos ouvidos. E o fenômeno ainda mais incrível da falta de presença é gerado pela conectividade virtual, percebida no fato de muitas pessoas estarem mais preocupadas em registrar suas experiências em fotos e vídeos para compartilharem rapidamente no Facebook, ao invés de aproveitarem aquele momento único, como uma simples contemplação de um pôr de sol ou uma boa conversa olho no olho com alguém querido.
As pessoas se afundam cada vez mais na ilusão, ao sentirem uma pseudoconexão com o mundo, quando na verdade, estão desconectadas de si mesmas e do próximo mais próximo. Distrações estão presentes quando somos pegos dormindo enquanto conversamos, trabalhando enquanto dormimos ou comemos e então perdemos a potência que poderia estar disponível para realizar o que espera ser realizado. Como diria Heinz von Foerster, “Não percebemos que não percebemos”.