Angustiado, o discípulo foi visitar o seu mentor espiritual e perguntou-lhe com uma voz desanimada:
- Como me posso libertar, venerado Mestre?
O perceptor respondeu:
- Meu amigo, e quem é que te prende, senão a tua mente?
A mente é a grande amarra. A mente está repleta de obstáculos que é preciso ir ultrapassando, para completar o processo de maturidade emocional e para ir apoiando a criação da nossa unicidade. Mas a mente que prende é a mente que liberta, e a mente inimiga pode transformar-se em mente amiga se investirmos no nosso autoconhecimento.
Acredito que este conto oriental espelha bem como a mente é poderosa na criação das amarras que nos impedem de sermos seres livres.
Em 2019-20 fiz um curso de clown, uma poderosa viagem ao meu eu criança, sem julgamentos, autêntico. Trago essa vivência para este artigo.
Fui aprendendo a desvincular-me do meu lado clone, aquele que nos oferece sabotadores e que nos rouba o sorriso.
A mente que prende é a nossa mente clone e a mente que liberta é a mente clown.
O clone e o clown habitam as nossas escolhas, o nosso modo de estar na vida.
Entendo por mente clone o nosso lado mais fechado.
Aquele que está conformado e que, quando confrontado com um desafio, tende a optar pelas soluções mais rotineiras, as socialmente aceites.
É o lado que prefere seguir os padrões convencionais que fazem parte do “guião” e que evita a espontaneidade pessoal, com medo do ridículo, medo de falhar.