“Ônibus entrou na casa humilde e foi apanhar a velhinha de 42 anos.” Jornal do Comercio de Manaus, 1960.
É muito estranho ler o título desta antiga reportagem. O ano de 1960 não parece estar tão distante assim de nós para considerar velha uma pessoa de 42 anos. Mesmo consciente que a expectativa de vida do povo brasileiro vem aumentando, é difícil olhar para este passado, de menos de um século, e ver que tanto a velhice como a expectativa de vida eram tão precoces. Naquela época morria-se por volta dos 52 anos de vida.
O deslocamento da velhice e da expectativa de vida continua ativo. Depois de um tempo desta reportagem, por volta do ano 2000, idoso já era alguém com idade igual ou superior a 60 anos. E mais recentemente (2020), um novo projeto de lei descolou um pouco mais estes números, mudando de 60 para 65 anos a classificação de idoso.
Convivemos com muitas pessoas de 60 anos que estão longe de ser velhinhos, pelo contrário, estão cheios de vida e disposição, ativas no mercado de trabalho, empreendendo ou até de volta às salas de aulas. Mesmo com esta mudança ativa, onde o aumento da expectativa de vida virou rotina, não é tão fácil ter clareza de como será nos próximos 20, 40 ou 60 anos. Provavelmente estranharemos o fato de que alguém com 65 anos tenha tido privilégios e facilidades mesmo que com disposição para viver por mais 30 ou 40 anos.