Nosso coach João nos traz o seguinte caso: estou conduzindo diferentes processos de coaching na mesma organização. São processos de 6 sessões cada, com foco em uma competência específica que a empresa quer desenvolver entre os líderes, em um movimento de mudança de cultura organizacional. Tenho que manter o ritmo das sessões para dar conta de endereçar o que foi combinado com a empresa. Uma cliente chegou à sua quinta sessão de coaching quinze minutos atrasada. Dei início à sessão, mas ela se emocionou e derrubou algumas lágrimas. Perguntei se estava tudo bem e ela respondeu que sim, que era um problema pessoal e que preferia continuar com o foco da sessão. Tocamos em frente normalmente, mas depois fiquei na dúvida: deveria ter escolhido tratar o tema pessoal ao invés de continuar no foco da competência acordada?
João, o caso que você traz sugere uma separação entre racional e emocional e também entre o que é demandado pela empresa (as competências) e as pessoas que de fato expressam as competências. Sua cliente não deixa as alegrias, tristezas e dúvidas sobre os aspectos pessoais de sua vida de lado quando lida com temas de trabalho. Dessa forma, será que a separação que você explicita em sua pergunta, lidar com o tema pessoal da cliente ou focar no objetivo organizacional é a maneira mais fértil não só para sua cliente, mas também para o processo de coaching? Em seguida proponho analisar sua questão sobre duas perspectivas, a de self as coach de Pamela McLean (2019) e de coach the person not the problem (coach a pessoa, não o problema) de Marcia Raynolds (2020).