"Nenhuma pessoa é uma ilha!”
John Donne (1572-1631)
Se você pesquisar a palavra espiritualidade no Google prepare-se para um impacto. Em 16 de setembro de 2020 este site fazia 20 milhões e 100 mil de referências a ela. O impacto se repetirá se a substituir pela palavra religião. Na mesma data havia 42 milhões e 500 mil de referências a este outro vocábulo! Se isto nada mais nos diz, aponta pelo menos para uma conclusão preliminar. É praticamente impossível avaliar cada uma das diferentes conceituações ou nuanças do que corresponda a cada um destes termos! Ao mesmo tempo outra conclusão se impõe: são temas de interesse universal, que reverberam ao longo do espaço e do tempo. Conseguir uma unanimidade mínima para se conversar sobre isto – ao menos conversar! – é quase outra impossibilidade!
Mas sempre é preciso estabelecer um ponto de partida para se discutir tais questões, mesmo que não haja uma concordância plena sobre tudo. O que segue, portanto, são posicionamentos do autor, que podem, evidentemente, não ser aceitos em sua inteireza.
Espiritualidade é uma vivência que associa várias questões. Antes de tudo, é a percepção de que os seres humanos têm uma dimensão para além do sensorial e do intelectual. Isto é, têm uma experiência da transcendência, uma dimensão que transcende o imediato e o tempo. Sua experiência de vida não se esgota na produtividade, na economia, no prover para o hoje e o amanhã. Vai além disso, pois o indivíduo se percebe como que inserido no entremeio entre o mundo físico, concreto, e outra dimensão – até certo ponto indefinida! – a que chama espiritual.
Além disso, espiritualidade é parte da sensação de espanto perante o universo, tanto o macro quanto o micro. É algo que envolve uma experiência mista, em que as pessoas ficam maravilhadas com o que as circunda e ao mesmo tempo se sentem tomadas de apreensão – para muitos até um certo terror! – perante o sagrado, seja qual for o nome que se der a ele, dado o desconhecimento do que possa existir frente ao tudo e frente ao nada!