“Não se pode fazer coaching
à revelia do coachee”-
RRK
Introdução
Embora o Coaching EE seja hoje reconhecido como uma intervenção de caráter desenvolvimentista, sua utilização nem sempre é resultado de uma decisão criteriosa de natureza técnica, que considera as inúmeras variáveis que intervêm neste processo, bem como seu impacto nos resultados.
Uma variável de especial relevância é a disponibilidade e a prontidão do candidato a coachee para investir ativamente num processo que envolve tempo, atenção, reflexão, desejo genuíno de olhar para dentro de si e aprender com o que vê. Em resumo, otimizar o uso do seu potencial.
Entretanto, como lembram Grayson e Larson (2003, p. 159), existe um aspecto a considerar, ou seja, quando uma pessoa está fazendo coaching, ela “poderá subverter o processo de coaching, seja consciente ou inconscientemente”
Embora o coachee seja o ator principal de um processo de Coaching EE, ele é também parte de um cenário, a organização para a qual trabalha, no qual convive e interage com inúmeros coadjuvantes e se encontra sob a influência do ambiente organizacional e respectiva cultura. Além disso, durante o processo de Coaching EE, relaciona-se com o Coach, alguém de fora, cujo papel é estimulá-lo a refletir, desafiá-lo a superar-se, questionar sua visão de si mesmo e do mundo à sua volta, bem como sua maneira de agir, reagir e interagir.
Dentre os citados coadjuvantes ressaltamos, no caso do Coaching EE , o gestor a quem o candidato a coachee se reporta e o representante do RH a quem cabe, em geral, cuidar dos aspectos técnico-administrativos do processo de coaching, além do apoio ao coachee.
O que se observa na prática é a pouca atenção dispensada a este subsistema social, uma complexa, variada e dinâmica rede de relacionamentos e interações que se estabelecem entre os vários figurantes.
É provável que certos processos de Coaching EE não alcançam os resultados esperados em virtude de certas disfunções do citado subsistema, que tendem a causar desperdício de recursos, desconforto, conflitos, resistência aos processos de coaching e distorções dos reais objetivos desta intervenção.
Coaching EE não é panaceia embora alguns, por falta de informações adequadas, o considerem como tal. Trata-se de uma intervenção que exige, como qualquer outra, condições que favoreçam o desenvolvimento, aprendizagem e capacidade de mudar das pessoas e das organizações das quais fazem parte.
O que é Coachabilidade?
Na literatura especializada sobre este tema, nossa pesquisa não localizou definições de coachabilidade.
Corresponde à uma palavra inglesa intraduzível, Coachability, termo este utilizado para indicar as condições favoráveis e o nível de disponibilidade /prontidão de um indivíduo para participar de um processo de coaching.
Entendemos por “coachabilidade” um conjunto de características/atributos/ comportamentos de um indivíduo, num determinado contexto/situação, que sinalizam o seu nível de prontidão/disponibilidade para um processo de Coaching.
Como observa Kretzschmar (2010, p.1), “a prontidão do cliente para o coaching emerge como um conceito complexo e de múltiplos aspectos”. Envolve postura, posicionamentos, crenças, valores, autoimagem, competência interpessoal, sensibilidade, equilíbrio interno e presença de um firme propósito de envolver-se no processo. Daí o questionamento de Bluckert (2006, p. 34) sobre “se todos são potencialmente candidatos adequados para coaching”.