Tarde de segunda-feira. Reunião de idosos, sentados em círculo, compartilhando suas vivências. A Coordenadora do grupo lança a pergunta O que você tem feito de diferente? Um longo silêncio. Momento de expectativa: “O que falarei?” Os participantes estampam em seus rostos expressões de dúvida: “o que virá? O que falarei?” Cada um pensa no que foi rotina e o que tem sido diferente, revendo sua história, remexendo o baú de lembranças antigas e novas, as coisas que têm feito e o que têm deixado de fazer. E aí vieram muitas respostas, mostrando um peso maior da rotina, e as poucas “diferentes” careciam de ousadia e aventura.
Esta foi uma reflexão importantíssima para cada um conscientizar-se de quanto somos conservadores ou inovadores, rotineiros ou aventureiros. Fazer coisas diferentes abre a nossa cabeça, nos expõe a situações novas, nos coloca em contato com o inesperado, e ajuda a resgatar a alegria de viver, principalmente na maturidade.
Com o avanço da idade, a vida tende a se tornar mais rotineira, repetitiva e talvez até... chata. O colorido pode dar lugar a sentimentos amargos e sombrios. A luz brilhante torna-se cinza.
O livro “Normose – a patologia da normalidade”, de Pierre Weil, Jean-Yves Leloup e Roberto Crema, define o termo normose como o conjunto de hábitos considerados normais e que, na realidade, são patogênicos e nos levam à infelicidade e à doença. Uma pergunta essencial na maturidade, mencionada no livro “Mais velhos, mais sábios” é “por que eu não fui o que poderia ter sido?”