Os ciclos naturais, o das plantas assim como dos seres humanos, estão presentes. Há o tempo de arar a terra, o de semear, o de cuidar e o de colher. Na época atual as pessoas estão muito habituadas ao trabalho, veem seu valor nos cargos que ocupam e nos salários que recebem, e isto faz com que percam muitas dimensões de suas vidas. As pessoas têm dificuldades de usufruir o que plantaram a vida inteira. É a hora de usufruir da colheita.
Nunca, na história da humanidade, se viveu tanto como nos tempos atuais. A longevidade aumentou muito, e continua aumentando rapidamente. Esse fato é muito marcante no Brasil, onde a população envelhece com celeridade, não tendo havido planejamento e preparação para termos tantos idosos. E isso é diferente de países europeus, nos quais o envelhecimento foi ocorrendo num ritmo bem mais lento. No passado mais distante, as pessoas nasciam, cresciam, tinham filhos e em pouco tempo morriam. A morte vinha muito antes do tempo da colheita. Não havia muito tempo de preparação, nem de usufruir dos frutos do trabalho e da dedicação.
No paradigma atual somos levados a adiar os momentos de alegria e satisfação. A vida é vista por muitos como um vale de lágrimas, marcada por sofrimentos infindáveis, e a terra prometida só é alcançada depois da morte. Vejam os constantes adiamentos de felicidade que vivemos: vou ser feliz no final de semana, pois esta é enfadonha, com chefes autoritários e colegas falsos. Adiamos os momentos felizes que poderíamos ter durante a semana. Vou ser feliz nas férias, onde poderei curtir minha família e lugares maravilhosos, este é o merecido prêmio por 11 meses de trabalho duro. Mais uma vez, adiamos os momentos felizes ao longo do ano. Trabalhamos a vida inteira, por décadas, esperando que na aposentadoria seremos felizes. E se não estivermos preparados para usufruir disto, muito provavelmente morreremos logo.