Tenho a honra de ter conhecido o Luciano Lannes, Editor da Revista Coaching Brasil, antes da primeira edição da revista e ter feito parte desta edição histórica. Depois de um bom tempo sem nos vermos, tivemos oportunidade de trocar ideias sobre o eneagrama - contei da vivência de mais de 15 anos da ferramenta - e então Luciano me convidou para coordenar esta edição sobre o eneagrama neste ambiente que amo, que é o coaching.
Ter a oportunidade de coordenar esta edição não é só uma forma de retribuir por todo o conhecimento que o eneagrama me trouxe, mas também uma forma de contribuir com o universo do coaching com meus colegas, professores e coachees.
Digo com a vivência de quinze anos na ferramenta e no meu autoconhecimento, com mais de uma década de terapia como paciente e cinco anos como terapeuta, que o eneagrama é um processo profundo, contínuo e muito intenso. Costumo comparar um workshop vivencial do eneagrama da personalidade de Claudio Naranjo, a um ano e meio de terapia semanal, tal o impacto trazido neste processo intenso de se autodiagnosticar.
No entanto, a crueza típica do eneagrama, vinda dos mestres Gurdjieff, nos impede de deixar nosso ego enganar-nos com a autocomiseração, a vitimização e as desculpas rasas para não perceber nossos mecanismos de defesa repetitivos.
Por isso, introduzir o enegrama no ambiente organizacional acaba sendo uma missão difícil e delicada, pelo ambiente organizacional ter um ambiente político e competitivo, o que por consequência acaba diminuindo a eficácia da ferramenta, se tenta-se ministrá-lo dentro de uma empresa, pois existe o dilema de se autodiagnosticar em um workshop vivencial diante de pares, superiores e subordinados neste ambiente organizacional altamente competitivo.
Acredito no benefício do uso do eneagrama no ambiente organizacional, somente quando separamos o profissional do ambiente da empresa, misturando-o, em um ambiente externo, de confiança e compaixão. Dessa forma, é possível que a “mágica” aconteça, e o profissional se perceba como um “auto enganado”, com todos os outros participantes ao seu lado.
Finalmente, para meus colegas coaches, recomendo com veemência o eneagrama como uma ferramenta, para produzir em si mesmo um profundo e inesgotável trabalho de autoconhecimento, buscando a auto aceitação em ter compaixão por você mesmo, e pelo outro, aumentando a empatia pelo seu coachee.
Todas as pessoas por mim escolhidas para contribuir nesta edição são buscadores, com experiências mais longas que a minha na jornada de se autoconhecer e mais do que instrutores de eneagrama e escritores, são seres humanos buscadores, com uma vivência profunda em se conhecer e entender o outro em sua cegueira neurótica e ter compaixão por eles.
Boa leitura!
Artigo publicado em 14/12/2018