Nasci no interior e tive o privilégio de escutar muitas histórias dos meus avós, de uma sábia “mãe-preta” que reunia as crianças para entretê-las e assim nos passava muitos ensinamentos. Quanto tenho aprendido escutando histórias que me tocam a alma e me fazem refletir, tomar decisões e agir de modo mais consciente!
Hoje percebo o quanto podemos contribuir com o desenvolvimento das pessoas através das histórias, sejam elas metáforas ou relatos de pessoas que nos ensinam com suas experiências, afinal, como disse Eduardo Galeano, somos todos feitos de histórias.
Nas diversas narrativas sempre encontramos personagens que nos inspiram e deixam lições que, muitas vezes, acertam em cheio na nossa questão - seja uma inquietação, uma busca de solução para um problema, um insight que incentiva uma tomada de decisão, enfim, os dilemas que todos trazemos em nossa jornada. Mensagens que podem até mesmo nos despertar para um olhar mais amplo e profundo sobre a vida, a fim de sermos mais compassivos e generosos conosco mesmos e com os outros em nossos relacionamentos.
Margaret Parkin diz que, ao escutar histórias de outras pessoas, o coachee pode fazer um paralelo com a sua questão e quando reconhece o padrão – ainda que inconscientemente - e faz a conexão, seu autoconhecimento é reforçado e encontra novas maneiras de lidar com o problema. Se o conflito na história é parecido com o que o coachee está lidando, então a mensagem da história ganha mais significado. Usar histórias como uma ferramenta para a autotransformação tem sido uma visão amplamente aceita no mundo terapêutico, na educação e - por que não? - também em processos de coaching.
Certa vez, um cliente, gestor de negócios em uma grande instituição, me trouxe sua dificuldade de comunicação com a equipe e com seus pares. Já havia recebido feedback a respeito de sua arrogância e dificuldade de aceitar pontos de vista divergentes. Depois de escutá-lo, pedi licença para tocar em um ponto que me pareceu pertinente e, com sua permissão, perguntei-lhe: