O tema Empoderamento tem gerado controvérsias entre estudiosos do tema, muitos dos quais o associam a questões relacionadas com o uso e o abuso do poder, ou como algo que pode ser “implantado” nas pessoas, tal como um passe de mágica.
Lembro aqui uma frase interessante de autoria de Pierre Ansard que nos convida a refletir (in Krausz, 2006):
“Segundo uma formulação frequentemente repetida, o ser humano não pode ser considerado apenas como ‘uma mão’, segundo o esquema tayloriano; não pode, também, ser considerado somente como ‘uma mão e um coração’, como fizeram os teóricos das relações humanas, pois ele é capaz de ação, afetividade e de opção racional”
Consideramos esta citação como um convite para, na qualidade de Coaches Executivos e Empresariais, repensarmos e revermos certos pressupostos a respeito de nossos Coachees e de como os consideramos, ampliando assim nossa visão sobre o papel essencial de Coach na relação que se estabelece com o Coachee durante o processo de Coaching.
Empoderamento pode ser considerado um termo ambíguo, por vezes entendido por alguns como uma capacidade de “dar poder ao outro”, “ajudá-lo a sentir-se poderoso”, “ter a capacidade pessoal de empoderá-lo”.
A rigor, este sentido atribuído ao empoderamento revela, por vezes, o que caracteriza os chamados “super empoderados”, ou seja, indivíduos que embora se considerem muito poderosos como Coaches, não dispõem da potência, coerência e autenticidade necessárias para estabelecer um clima de relacionamento tal que oportunize ao Coachee olhar para dentro de si e tomar conhecimento do potencial que dispõe para conduzir sua trajetória de vida.
Entendemos que empoderamento é o resultado de um processo interno do Coachee que dispara quando este se sente genuinamente seguro, confiante e apoiado para rever-se, permitir-se ser e agir diferentemente, a abandonar certas crenças a respeito de si, do outro e dos acontecimentos do mundo à sua volta.
Como já lembrava Marcel Proust, autor da obra “Em Busca do Tempo Perdido”, “A verdadeira viagem de descobertas não é a busca de novas paisagens, mas sim vê-las com um novo olhar”.
O presente Dossiê traz pontos de vista de várias colegas que gentilmente atenderam nossa solicitação e se dispuseram a produzir artigos, em tempo recorde, sobre um tema complexo e pouco abordado de forma sistemática na literatura especializada.
Esperamos que a diversidade de abordagens e posicionamentos estimulem novas visitas ao tema, visitas estas que certamente trarão material precioso para a compreensão de um tema complexo, pleno de nuances e sutilezas, como é o empoderamento em geral e o auto empoderamento, em particular no processo de Coaching Executivo e Empresarial.
Mais do que respostas, nosso intuito é gerar perguntas, dúvidas, trocas de percepções e questionamentos que tragam mais luz para a compreensão deste tema.
Às colegas que tornaram possível a construção do presente Dossiê, meu Muito Obrigada.
Ao Lannes, agradecemos a confiança e o estímulo que geraram o presente Dossiê.
Referências
Krausz, Rosa R. (2006). Compartilhando o Poder nas Organizações. São Paulo:Nobel, 2ª. ed., p.63.
Artigo publicado em 11/04/2018